As autoridades ucranianas temem que Moscou prepare uma grande ofensiva para coincidir com o primeiro aniversário do início da guerra, em 24 de fevereiro.
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Após o ataque inicial, as tropas russas falharam em sua tentativa de tomar a capital ucraniana Kiev e alguns meses depois se retiraram, permanecendo no leste e sul do país.
Mas desde janeiro, o Exército russo, apoiado pelo grupo paramilitar Wagner e reforçado pela mobilização de civis, voltou à ofensiva, especialmente na região leste de Donbass, que faz parte dos territórios que Moscou reivindica como regiões anexadas.
“Atualmente, os combates avançam com sucesso nas áreas” de Bakhmut e de Vuhledar, disse o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, em um comunicado divulgado após uma reunião com autoridades do Exército e de seu ministério.
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Escalada “imprevisível”
O ministro russo citou as recentes conquistas de sete cidades, incluindo Soledar, um município vizinho de Bakhmut que as forças ucranianas cederam em janeiro.
Shoigu também alertou o Ocidente de que um aumento na ajuda militar à Ucrânia pode “levar a um nível imprevisível de escalada” do conflito.
Os especialistas concordam que a Rússia está preparando uma grande ofensiva para o final do inverno ou início da primavera (hemisfério norte, outono no Brasil), com o objetivo de conquistar pelo menos todo o Donbass, que atualmente está parcialmente ocupado pelas forças de Moscou.
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Pavlo Kyrylenko, governador da região de Donetsk, onde está Bakhmut, reconheceu que a situação se torna cada vez mais difícil nesta cidade, segundo uma entrevista publicada nesta terça-feira pela rádio Svoboda.
A autoridade regional disse que “tudo o que for possível” será feito para evitar a queda da cidade, mas afirmou que os soldados ucranianos “não serão usados como bucha de canhão” para manter a posição a qualquer custo.
Na noite de sábado (4), o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, reconheceu que a situação estava “se complicando” em todo o “front”, particularmente em Bakhmut.
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Tomar Bakhmut abriria caminho para uma ofensiva em Kramatorsk, a principal cidade controlada por Kiev na bacia de mineração do Donbass.
Cerca de 150 quilômetros ao sul, Moscou também partiu para a ofensiva nas últimas semanas em Vugledar, um cruzamento ferroviário que liga o sul e o leste da Ucrânia.
No norte do Donbass, os russos também pressionam o adversário em áreas que a Ucrânia conseguiu reconquistar em setembro.
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Poucas munições
Sergiy Solomon, um soldado ucraniano, confirmou que as forças ucranianas podem ficar sem recursos contra os russos.
“Os russos têm tanques, veículos blindados e Grads (foguetes), tudo o que você pode imaginar”, disse o homem, que trabalhou anteriormente como operário de construção.
“Temos equipamentos, mas não muita munição”, afirmou.
Americanos e europeus decidiram enviar tanques ao Exército ucraniano para que possa enfrentar melhor uma ofensiva russa ou lançar sua própria.
Mas os envios permanecem abaixo das expectativas da Ucrânia e os ocidentais permanecem relutantes nas entregas de aeronaves.
Os Estados Unidos prometeram armas com alcance de até 150 quilômetros, que Kiev reivindicou para atacar depósitos de munição russos e rotas de abastecimento. O calendário de entrega permanece incerto.
A Ucrânia está em desvantagem em número de homens e em termos de munição para enfrentar o Exército russo, que os supera em quantidade. Precisa de armas mais modernas e precisas para compensar seus déficits.
(Com AFP)