Os dois gasodutos Nord Stream entre a Rússia e a Alemanha - que estão fora de serviço devido à guerra na Ucrânia - sofreram vazamentos de gás no Mar Báltico que geraram bolhas gigantescas nesta terça-feira (27). Acidente ou sabotagem?
Esta nota foi atualizada às 16h30
Os três grandes vazamentos identificados desde segunda-feira (26) perto da ilha dinamarquesa de Bornholm são visíveis da superfície e geraram bolhas de 200 metros a até um quilômetro de diâmetro, anunciou o exército dinamarquês em um comunicado, que inclui imagens impressionantes.
O gasoduto Nord Stream 2 foi o primeiro a sofrer danos na segunda-feira (26). Nesta terça-feira (27) também foram registradas falhas no traçado do Nord Stream 1, que segue de forma quase paralela ao Mar Báltico.
Dinamarca e Suécia confirmaram que os dois gasodutos registram vazamentos.
Objetos de tensões geopolíticas nos últimos meses, os dois gasodutos explorados por um consórcio vinculado ao grupo russo Gazprom estão fora de operação, devido à guerra na Ucrânia, mas permanecem repletos de gás.
A Rússia afirmou que está “extremamente preocupada” com os vazamentos detectados e acrescentou que não descarta “nenhuma hipótese”, incluindo uma sabotagem, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
Os vazamentos foram detectados na ilha dinamarquesa de Bornholm: um, na zona econômica exclusiva da Dinamarca, e o outro, na da Suécia.
A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, afirmou que é “difícil imaginar que seja um acidente”, acrescentando que não se pode descartar um ato de sabotagem.
Nord Stream, o consórcio que opera o gasoduto, destacou que até o momento não é possível observar, nem avaliar os danos, mas admitiu o caráter excepcional da situação.
“Não é comum um incidente, em que três tubulações registram dificuldades no mesmo dia”, afirmou um porta-voz do grupo à AFP.
A Dinamarca colocou todas as suas infraestruturas energéticas em alerta e enviou duas embarcações à região, acompanhadas por helicópteros. A Suécia convocou uma reunião de emergência.
“Os vazamentos em gasodutos são extremamente raros e, por isso, vemos uma razão para aumentar o nível de vigilância após os incidentes registrados nas últimas 24 horas”, afirmou o diretor da Agência Dinamarquesa de Energia, Kristoffer Böttzauw, em um comunicado.
Ele prometeu uma “vigilância profunda das infraestruturas críticas da Dinamarca”.
O país escandinavo aumentou o alerta no setor de energia elétrica e de gás para o nível laranja, o segundo mais elevado, e proibiu a navegação em um raio de 5 milhas náuticas (9 quilômetros) ao redor dos vazamentos, assim como o sobrevoo no raio de um quilômetro.
Construído ao lado de seu antecessor, o gasoduto Nord Stream 2 deveria dobrar a capacidade de importação da Rússia para a Alemanha. Sua iminente entrada em operação foi suspensa, porém, devido às represálias a Moscou pela invasão da Ucrânia.
As autoridades alemãs não comentaram os vazamentos até o momento, mas, de acordo com uma fonte próxima ao governo citada pelo jornal alemão Taggesspiegel, “tudo vai contra uma coincidência”.
Duas explosões submarinas “provavelmente devido a detonações” foram registradas perto dos locais dos vazamentos dos gasodutos Nord Stream 1 e 2 pouco antes de sua detecção, informou nesta terça-feira (27) um instituto sísmico sueco.
Uma primeira “emissão massiva de energia” com magnitude de 1,9 foi registrada durante a noite de domingo para segunda-feira às 02h03 (21h03 de domingo no horário de Brasília) a sudeste da ilha dinamarquesa de Bornholm e outra de magnitude 2,3 às 19h04 (14h04 de Brasília) de segunda ao nordeste da ilha, explicou à AFP Peter Schmidt, da Rede Nacional Sísmica Sueca.
“Nós interpretamos como vindo com a maior probabilidade de alguma forma de detonação”, disse ele.
Os vazamentos que afetam os gasodutos Nord Stream 1 e 2, que conectam Rússia e Europa através do Mar Báltico, se devem a “atos deliberados” e não “a um acidente”, afirmou nesta terça-feira (27) a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen.
O governo dinamarquês estima que os vazamentos nos dutos, que não estão em operação devido à guerra na Ucrânia, mas estão cheios de gás, podem durar “pelo menos uma semana”, até que termine o metano que está escapando dos dutos, indicou o ministro de Energia e Meio Ambiente em coletiva de imprensa.
(Com AFP)
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