O vereador Bolívar Vera, do município equatoriano de Durán (oeste), foi sequestrado e assassinado em um novo episódio de violência política que abala este país a semanas do segundo turno da eleição presidencial, informou o Ministério Público nesta sexta-feira (8).
A entidade anunciou a abertura de uma investigação sobre o sequestro e a morte de Vera “que hoje foi encontrado morto”, conforme comunicado na rede social X, antigo Twitter.
O corpo do vereador foi encontrado com as mãos amarradas e ensanguentado em um bosque da província de Guayas, alvo da violência ligada ao narcotráfico, segundo uma foto enviada à AFP por um de seus colegas de partido.
Vera era membro do Partido Social Cristão, de direita, e seu assassinato se soma ao do candidato presidencial Fernando Villavicencio, baleado em 9 de agosto na saída de um comício em Quito.
O outrora pacífico país sul-americano se tornou, nos últimos anos, um centro de operações de cartéis de drogas estrangeiros e locais, que impõem um regime de terror com massacres, sequestros e extorsões.
Na quinta-feira, o governo local de Durán, vizinho do conturbado porto de Guayaquil, denunciou o “suposto sequestro de Bolívar” e pediu à polícia que descobrisse seu paradeiro.
O vereador vestia uma camisa da seleção equatoriana de futebol, que disputou partida na quinta-feira contra a Argentina, segundo as imagens.
Jornalistas da AFP registraram o momento em que policiais e membros do Ministério Público retiravam o corpo de uma área próxima a uma estrada ao norte de Guayaquil, que liga as cidades de Daule e Salitre. Perto dali, um grupo de mulheres chorava.
Bolívar Vera foi eleito vereador de Durán para o período 2023-2027.
“O Governo Municipal de Durán expressa suas mais sinceras condolências aos familiares e amigos do vereador Bolívar Vera (…) diante desta grande perda”, indicou a prefeitura na rede social X.
O prefeito Luis Chonillo lembrou os “mais de 30 assassinatos” ocorridos na região desde 26 de julho, quando o presidente, Guillermo Lasso, declarou estado de exceção em nível nacional para controlar a violência com militares. Entre as vítimas está o diretor de planejamento do município, Miguel Santos.
“Quantas mortes o senhor Presidente precisa para ouvir nossos insistentes apelos?”, questionou Chonillo, que decretou três dias de luto.
O Equador enfrenta uma onda de violência ligada ao tráfico de drogas, que controla os presídios e a disputa pelo mercado de drogas a sangue e fogo. Desde 2018, a taxa nacional de homicídios quadruplicou.
Localizado entre a Colômbia e o Peru, os maiores produtores mundiais de cocaína, o pequeno país sul-americano conseguiu evitar a violência da máfia. Mas, há alguns anos, as gangues aliadas aos cartéis mexicanos e colombianos têm imposto o terror.
A violência política se intensifica poucas semanas antes do segundo turno das presidenciais, em 15 de outubro, com os assassinatos de um candidato presidencial, de um prefeito, de um candidato a deputado e de um líder do correísmo local.
Fernando Villavicencio, ex-jornalista e um dos candidatos favoritos para o primeiro turno das eleições presidenciais em 20 de agosto, foi assassinado a tiros onze dias antes das eleições.
O próximo presidente do Equador será definido entre a esquerda, representada por Luisa González, protegida política do ex-presidente Rafael Correa (2007-2017), e a direita de Daniel Noboa, filho de um dos homens mais ricos do país.
O vencedor governará até 2025 para completar o mandato que originalmente pertencia a Lasso, que dissolveu o Congresso e convocou eleições antecipadas para evitar uma possível destituição em um processo de impeachment.
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