Algumas semanas antes da invasão russa, a presidência de Zelensky, iniciada três anos antes, parecia perder força. O ex-ator e comediante lutava para cumprir suas promessas eleitorais em um país assolado pela pobreza e corrupção.
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O conflito com os separatistas pró-Rússia na região de Donbass continuava estagnado, apesar do fato de Zelensky ter focado sua campanha presidencial de 2019 na promessa de resolvê-lo pacificamente. Seus rivais estavam cientes de suas fraquezas e começava a surgir dúvidas entre a população se ele era a pessoa certa para liderar o país.
Tudo mudou em 24 de fevereiro de 2022. Naquela quinta-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou o início da intervenção do exército russo na Ucrânia. A invasão representou um momento histórico em um espaço pós-soviético marcado por tensões entre a Rússia e seus vizinhos, três décadas após o colapso da URSS. Foi também um momento crucial na trajetória de Zelensky, que passou de um presidente em dificuldades a líder da resistência militar ucraniana.
No primeiro dia da invasão, “correu o boato de que Zelensky fugiria, pois dava a impressão de ser um presidente fraco, que não conseguiria resistir à pressão militar ou encarnar um líder em tempos de guerra”, lembra o cientista político Volodimir Fesenko à AFP. Mas o presidente ucraniano não fugiu. Pelo contrário, apareceu em um vídeo nas primeiras horas do conflito: “Estamos todos aqui, defendendo nossa independência e nosso país”.
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Desde o início da invasão, que já causou milhares de vítimas e milhões de refugiados, Zelensky discursa todas as noites. Ele costuma pedir um esforço maior dos Estados Unidos e dos países europeus no envio de ajuda militar à Ucrânia e na adoção de mais sanções econômicas contra a Rússia.
Em 2015, um ano após o início das tensões no país com a revolta de Maidan e a anexação russa da Crimeia, Zelensky ficou famoso graças à série “Servo do Povo”. Na comédia, ele interpretou um professor de História bastante ingênuo que conseguiu ser eleito presidente após uma discussão com um colega sobre corrupção que se tornou viral.
Alguns anos depois, em 2019, Zelensky decidiu concorrer à presidência, vencendo com ampla vantagem (73% dos votos no segundo turno) graças à imagem “de um homem comum que queria sacudir o sistema”.
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Sua bagagem como ator o ajuda na batalha de comunicação durante os nove meses de conflito. “Ele não usa linguagem diplomática ou politicamente correta. Ele pede sem rodeios o que a Ucrânia precisa para sobreviver à guerra”, comenta à AFP Sergiy Leshchenko, ex-jornalista e político ucraniano.
No início de de dezembro, ao anunciar Zelensky como personalidade do ano, o jornal britânico Financial Times o comparou a Winston Churchill, o primeiro-ministro britânico que enfrentou os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
Em sua recente visita a Washington, Zelensky foi recebido como um herói ao chegar com sua tradicional roupa militar para se encontrar com o presidente Joe Biden e discursar no Congresso. Os legisladores americanos o aplaudiram de pé.
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(Fonte: AFP)