Recentemente a discussão sobre uma nova economia baseada em moedas digitais tomou grandes proporções. Entenda o fenômeno da tokenização:
No Brasil o projeto do real digital já toma forma, sendo uma das grandes apostas do Banco Central. Na China, a moeda yuan digital já está sendo regularizada, de acordo com a Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China (CSRC).
Mas, de maneira didática e direta, quais as chances dessas iniciativas se popularizarem? Em quanto tempo essas moedas digitais e a tokenização podem revolucionar a economia? Conversamos com um especialista na área para entender.
Cristian Bohn é um construtor de infraestrutura de tokenização e diretor de segurança da informação da Parfin, uma empresa especializada em ativos digitais. De acordo com ele, a passos curtos, os tokens, ou ativos digitais, já estão sendo integrados na economia. A grande questão gira em torno do desconhecimento de grande parte das pessoas sobre esse novo momento.
A tokenização, nada mais é que uma técnica que permite a digitalização de um ativo físico ou de um instrumento financeiro. Desse modo, moedas tradicionais físicas, como o próprio real, podem ganhar sua versão digitalizada. De acordo com Bohn, esse conceito tem que ser amplamente divulgado.
Para o conceito ser conhecido, as pessoas precisam saber o que torna a tokenização importante. De acordo com o especialista, essa transformação pode reduzir os custos financeiros do mercado. Dessa forma, essa tecnologia pode liberar recursos para programas sociais e outros projetos de infraestrutura, além de incluir ainda mais pessoas em serviços financeiros. Sabe o custo para fabricar moedas e cédulas de dinheiro? Pode ser brutalmente reduzido, já que os tokens podem substituir esses símbolos.
Além disso, pelo ponto de vista jurídico, um dos principais argumentos dos defensores das moedas digitais é que podem tornar os processos e as transações mais seguras. Com a tecnologia de rastreamento e com a fiscalização correta das entidades, crimes contra a economia podem ser extintos. Fraudes financeiras, lavagem de dinheiro e até corrupção ficariam quase inviáveis.
Como o ser humano é imediatista e guiado por tendências, questionamos Bohn sobre o prazo para essas moedas e iniciativas da nova economia se tornarem comuns à maioria das pessoas. O especialista comentou:
“A adoção dos tokens se tornará uma oferta de prateleira para bancos e corretoras em dois anos, enquanto o uso massivo da tecnologia para beneficiar os consumidores finais pode levar cinco anos”.
Ao ser perguntado sobre o momento de baixa das criptomoedas, com o conceito caindo em descrédito e desconfiança, Bohn explicou que muitas das facilidades que temos através dos apps de bancos nos smartphones já vão de encontro do que pode ser a tokenização. Anos atrás poucas pessoas botavam fé nas possibilidades do internet banking.
“Como nossa sociedade está sendo configurada hoje, vai mudar muito nos próximos 10 a 20 anos, porque subestimamos o que conseguimos fazer em 10 anos e superestimamos o que conseguiríamos fazer em 2 anos. O conceito de tokenização é levar esses ativos que estão fora do blockchain, para o blockchain, para essa tecnologia, para essa trilha, para esse protocolo.”
Por fim, observando um possível cenário ideal, Bohn falou sobre os principais desafios para implementação e expansão da tecnologia a serviço da economia. Ele cita infraestrutura, conhecimento (ou falta) e regularização como principais impasses para a tokenização.
Apesar disso, ele acredita que o Brasil esteja dentro do game quando o assunto é economia digital: “Estamos em um momento muito legal do Brasil como um todo, gosto de dizer que estamos em uma tempestade perfeita onde uma série de coisas estão acontecendo, principalmente do lado regulatório, o que vai permitir que o Brasil se posicione como um ativo digital hub do mundo”, concluiu, citando a proposta do real digital e outras iniciativas do setor privado.
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