A Apple está em uma missão ambiciosa para construir uma equipe de inteligência artificial (IA) de elite, e sua estratégia principal envolve atrair talentos da rival Google. Segundo o Financial Times, a empresa da Califórnia vem intensificando seus esforços para recrutar especialistas em IA do Google, com foco em profissionais experientes em aprendizado de máquina e redes neurais.
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Essa iniciativa estratégica se reflete na crescente presença da Apple em Zurique, na Suíça. A empresa estabeleceu um centro de pesquisa dedicado à IA na cidade, impulsionado pela aquisição de duas startups locais – FaceShift e Fashwell – especializadas em tecnologia de visão computacional.
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O centro de pesquisa em Zurique se destaca por abrigar especialistas que contribuem ativamente para o desenvolvimento de modelos de IA avançados. Estes modelos combinam texto e imagens para gerar respostas a perguntas, similarmente ao famoso chatbot ChatGPT da OpenAI. A Apple inclusive está anunciando vagas de emprego em IA generativa em duas localidades de Zurique, demonstrando seu compromisso com essa área de pesquisa.
Ao contrário de suas rivais, como Microsoft e Google, que frequentemente divulgam seus investimentos bilionários em IA, a Apple mantém uma postura mais discreta em relação aos seus planos. Essa postura estratégica, porém, não impede a empresa de investir pesadamente em pesquisa e desenvolvimento.
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A Apple já possui um histórico de desenvolvimento de produtos de IA, como a assistente virtual Siri, que utiliza redes neurais para oferecer uma experiência de interação natural com os usuários. A empresa reconhece o potencial transformador da IA e está se dedicando a construir uma equipe de experts capaz de impulsionar a inovação nessa área.
Chuck Wooters, especialista em IA conversacional que trabalhou na Siri por quase dois anos, afirma que “na época em que eu estava lá, um dos principais objetivos do grupo da Siri era migrar para uma arquitetura neural de reconhecimento de voz. Mesmo antes do boom dos grandes modelos de linguagem, eles já eram grandes defensores das redes neurais”.
Essa paixão por redes neurais levou a Apple a recrutar pesquisadores pioneiros nesse campo. Em 2016, a empresa adquiriu a Perceptual Machines, uma startup fundada por Ruslan Salakhutdinov (figura chave na história das redes neurais) e focada em detecção de imagens com IA generativa.
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A equipe de liderança de IA da Apple é composta por ex-figuras importantes do Google, incluindo John Giannandrea (ex-chefe do Google Brain) e Samy Bengio (ex-cientista sênior de IA do Google). A empresa também contratou Ruoming Pang (ex-líder da pesquisa de reconhecimento de voz do Google) e outros nomes relevantes da área.
Além de aquisições pontuais de startups, a Apple comprou cerca de duas dúzias de startups de IA nos últimos 10 anos, com foco em diversas aplicações da tecnologia, como reconhecimento de imagem e vídeo, processamento de dados e curadoria de conteúdo musical.
Salakhutdinov acredita que a Apple esteja focada em “fazer o máximo possível no dispositivo”, o que exigirá chips mais poderosos com memória DRAM suficiente para lidar com a grande quantidade de dados necessária para alimentar modelos de IA.
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Especialistas do mercado apontam para a possibilidade de surgirem “smartphones com IA” no futuro, necessitando de maior capacidade de memória.
Outro motivo para a lentidão da Apple no lançamento de grandes novidades em IA seria a preocupação com respostas incorretas ou problemáticas geradas por modelos de linguagem. “Acho que eles estão apenas sendo um pouco mais cautelosos porque não podem lançar algo que não possam controlar totalmente”, complementa Salakhutdinov.
A primeira demonstração das investidas da Apple em IA generativa pode ser vista na WWDC (conferência mundial de desenvolvedores da Apple) em junho. Analistas esperam por novidades na Siri, que poderia se tornar uma assistente pessoal ainda mais inteligente, capaz de interagir com todos os aplicativos do iPhone por comando de voz.
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A Apple vem investindo pesado em IA nos bastidores, e o futuro pode reservar novidades empolgantes nessa área. As estratégias de recrutamento de talentos experientes, a criação de centros de pesquisa dedicados e o investimento em startups promissoras indicam que a empresa está comprometida em se tornar líder na vanguarda da inteligência artificial.
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