Audiência global desconfia de redações movidas a IA, revela relatório
Créditos da imagem: Curto News/Bing AI

Audiência global desconfia de redações movidas a IA, revela relatório

Um relatório publicado pelo Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo aponta que a preocupação global com o uso de inteligência artificial (IA) na produção de notícias e desinformação está crescendo. Isso representa novos desafios para redações que já lutam para engajar o público.

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O Relatório Digital de Notícias anual do instituto, publicado na segunda-feira (16), é baseado em pesquisas com quase 100.000 pessoas em 47 países. Ele oferece um panorama dos obstáculos enfrentados pela mídia no aumento da receita e na sustentabilidade do negócio.

Redações globais estão trabalhando para enfrentar um novo desafio: a IA generativa. Gigantes da tecnologia e startups como Google e OpenAI criam ferramentas que podem fornecer resumos de informações e desviar tráfego de sites de notícias.

No entanto, o relatório descobriu que os consumidores desconfiam do uso de IA para criar conteúdo jornalístico, principalmente em assuntos sensíveis como política. De acordo com a pesquisa, 52% dos entrevistados nos EUA e 63% no Reino Unido se sentiriam desconfortáveis com notícias produzidas principalmente por IA. A pesquisa entrevistou 2.000 pessoas em cada país e observou que os entrevistados se sentiam mais confortáveis com o uso de IA nos bastidores, para tornar o trabalho dos jornalistas mais eficiente.

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“Foi surpreendente ver o nível de suspeição”, disse Nic Newman, pesquisador sênior do Instituto Reuters e principal autor do Relatório Digital de Notícias. “De modo geral, as pessoas têm medo do que pode acontecer com a confiabilidade do conteúdo e a confiança nele.”

A preocupação com conteúdo de notícias falsas online aumentou três pontos percentuais em relação ao ano passado, com 59% dos entrevistados se declarando preocupados. Esse número foi maior na África do Sul e nos EUA, com 81% e 72%, respectivamente, já que ambos os países realizam eleições este ano, segundo o relatório.

Outro desafio enfrentado pelas organizações de notícias é a relutância geral do público em pagar por assinaturas. Após algum crescimento durante a pandemia, 17% dos entrevistados em 20 países disseram que pagam por notícias online, um número que permanece inalterado nos últimos três anos.

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Uma parcela significativa de assinantes de notícias nos EUA provavelmente paga taxas com desconto devido a períodos de teste ou promoções, com 46% pagando menos do que o preço total por suas assinaturas.

Buscando Alternativas

Influenciadores de notícias estão desempenhando um papel maior do que as organizações de mídia tradicionais na entrega de notícias aos usuários de plataformas online populares como o TikTok.

Em uma pesquisa com mais de 5.600 usuários do TikTok que disseram usar o aplicativo para notícias, 57% afirmaram prestar atenção principalmente a figuras individuais, contra 34% que disseram seguir principalmente jornalistas ou marcas de notícias.

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Os resultados mostram que as redações precisam construir uma relação direta com seu público e também “usar plataformas estratégicas para se conectar com pessoas mais difíceis de alcançar, como o público jovem”, disse Newman. “Vemos que esses influenciadores têm um papel maior nas plataformas.”

O Relatório Digital de Notícias entrevistou pessoas nos EUA, Reino Unido, França, Argentina e Brasil, pedindo a elas que citassem até três contas tradicionais ou alternativas que seguem para notícias. Os 10 principais indivíduos citados pelos entrevistados nos EUA são mais conhecidos por oferecer comentários políticos do que por coleta de notícias original, observou o relatório. Essas personalidades incluem Tucker Carlson, ex-âncora da Fox News, Joe Rogan, apresentador do podcast mais popular no Spotify, e David Pakman, apresentador de rádio progressista.

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