Combate ao 'Apartheid Espacial': IA e imagens de satélite mapeiam desigualdade na África do Sul
Créditos da imagem: Curto News/Bing AI Creator

Combate ao ‘Apartheid Espacial’: IA e imagens de satélite mapeiam desigualdade na África do Sul

Segregadas e com poucos recursos, as townships sul-africanas, herança do Apartheid, ainda sofrem com a desigualdade. Pesquisadores como Raesetje Sefala usam inteligência artificial (IA) e imagens de satélite para expor o problema e auxiliar na busca por soluções.

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Sefala cresceu em uma township superlotada, vendo de perto a carência de serviços básicos como hospitais e escolas. A poucos quilômetros dali, bairros ricos ofereciam tudo o que faltava em sua comunidade.

Determinada a mudar essa realidade, Sefala, ao lado de cientistas da computação, usa visão computacional e imagens de satélite para analisar o impacto da segregação racial na moradia. O objetivo é reverter esse quadro.

Apesar do fim do Apartheid, as townships continuam marginalizadas. O censo do governo classifica essas áreas como “bairros residenciais formais”, agrupando-as com regiões ricas. Isso mascara a falta de recursos nas townships e dificulta o direcionamento correto de verbas públicas.

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Para combater esse “Apartheid espacial”, a equipe de Sefala criou um banco de dados mapeando as townships e analisando mudanças populacionais. Imagens de satélite e dados governamentais sobre localização de bairros permitiram treinar modelos de aprendizado de máquina para identificar áreas ricas, pobres, não residenciais e terrenos vagos.

A pesquisa revelou que mais de 70% do território sul-africano está vazio, enquanto as townships recebem porções mínimas de terra. Esses dados, disponibilizados gratuitamente, auxiliam pesquisadores e instituições a identificar áreas para serviços públicos e moradia.

“Queremos pressionar o governo a rotular as townships para lidarmos com a alocação de recursos”, afirma Sefala.

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Além de influenciar políticas públicas, o projeto visa auxiliar organizações que lutam por justiça no planejamento urbano. Na Cidade do Cabo, por exemplo, 14% da população vive em assentamentos precários, sem infraestrutura adequada. A disponibilidade de dados sobre terras públicas ociosas poderia auxiliar na construção de moradias populares.

“Muitas vezes o governo alega falta de terra. Nosso mapa prova o contrário”, diz Nick Budlender, pesquisador urbano.

Sefala espera que seu trabalho apoie organizações como a Ndifuna Ukwazi, que mapeou terrenos públicos vagos na Cidade do Cabo. “É uma oportunidade de acompanhar a mudança nas townships e moldar políticas”, afirma Budlender.

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Sefala viaja pela África do Sul conscientizando autoridades e estudantes. “As townships são extremamente pobres. Fico feliz em fazer algo a respeito”, finaliza.

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