Um total de 4.200 câmeras estão implantadas em espaços públicos, o equivalente a uma para cada 81 residentes. Estas não são as antigas câmeras de circuito fechado (CCTV). Algumas estão equipadas com imagem térmica e outros sensores. Elas estão conectadas a um centro de comando e tecnologia de IA que pode identificar infrações menores — como estacionamento ilegal ou entrada em parques públicos após o horário estabelecido — além de atividades potencialmente suspeitas, como alguém tentando acessar um prédio escolar.
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Outro sistema testado este ano na icônica Promenade des Anglais de Nice usou algoritmos capazes de identificar movimentos irregulares de veículos e pedestres em tempo real — algo que autoridades locais afirmam que poderia ter alertado rapidamente a polícia sobre o agressor que dirigiu um caminhão de 19 toneladas contra uma multidão na avenida à beira-mar em 2016, matando 86 pessoas e ferindo centenas de outras.
“Há pessoas que declararam guerra contra nós, e não podemos vencer a guerra usando as armas da paz”, disse o prefeito Christian Estrosi. “A inteligência artificial é a arma mais protetora que temos.”
De forma mais abrangente, a França está se preparando para implementar uma ampla vigilância algorítmica por vídeo enquanto se prepara para sediar os Jogos Olímpicos de 2024, incluindo tecnologias que podem detectar movimentos repentinos de multidões, objetos abandonados e alguém deitado no chão. Autoridades afirmam que essa tecnologia pode ser fundamental para evitar um ataque como o atentado ocorrido nos Jogos Olímpicos de Verão de 1996 em Atlanta.
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Mas essa adoção de uma polícia futurista está enfrentando desafios em uma região do mundo que busca liderar na regulamentação da IA e abriga algumas das proteções de privacidade digital mais robustas.
Vigilância por IA na França
A França está apostando alto na segurança assistida por IA para as Olimpíadas. Centenas de câmeras inteligentes em Paris e em outras áreas vão monitorar as multidões. Uma nova lei continua proibindo o reconhecimento facial na maioria dos casos, mas ampliou as aplicações legais da vigilância por vídeo algorítmico antes, durante e pelo menos seis meses após os Jogos.
Muitos observadores veem isso como um teste que poderia ser estendido indefinidamente se a tecnologia for aceita pelo público e demonstrar funcionar. Uma pesquisa realizada por ocasião da adoção da lei mostrou um apoio esmagador, com 89% dos entrevistados apoiando câmeras inteligentes em estádios, 81% no transporte público e 74% em vias públicas.
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“Sabemos que essa batalha será perdida”, disse Paul Cassia, professor de direito e ativista da Organização de Defesa das Liberdades Constitucionais com sede em Paris. “Todos nós usamos nossos smartphones. Agora existem câmeras por toda parte. As pessoas pedem por esse tipo de medidas e, se algo acontecer, dirão: ‘É sua culpa, você não fez o suficiente para nos proteger’.”
Estrosi, o prefeito, argumenta que mais liberdade é essencial. Sua cidade foi autorizada a experimentar o reconhecimento facial durante o Carnaval em 2019, mas as regras eram tão rígidas que o teste só poderia ser aplicado a voluntários que passassem por uma área específica. Outro experimento, envolvendo portais biométricos em uma escola secundária local, foi considerado excessivamente intrusivo pela agência de proteção de dados da França.
O prefeito está defendendo uma IA mais abrangente. Entre outras coisas, a cidade está buscando implantar tecnologia experimental em ônibus e bondes que seria capaz de detectar o avermelhamento do rosto de um passageiro, direcionando os agentes para uma possível emergência de saúde ou outra fonte de estresse.
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Segundo a cidade, cerca de 18% de todos os casos policiais agora são resolvidos com a ajuda de suas câmeras inteligentes. Estrosi insiste que esse número poderia ser muito maior. “A IA está em todos os lugares, exceto onde realmente seria útil para nós”, disse ele. “Precisamos usar o reconhecimento facial para garantir a segurança da minha cidade. O software está pronto e existe.”
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