“A respeito do Lensa, especificamente, há uma política de privacidade mais robusta, com categorias claras, do que outros casos que ficaram famosos no passado”, explica Mariana Rielli do Data Privacy Brasil.
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“Entretanto, a maioria das informações está disponível em inglês, o que é uma barreira de acessibilidade para usuários não falantes da língua, já que tradutores podem limitar a compreensão mais facilitada que é o objetivo de uma política voltada ao público amplo”, complementa.
Desde que a Lensa virou febre, com avatares mágicos enchendo o Instagram e o Twitter de versões “digitais” de nós mesmos, também houve uma enxurrada de alertas de segurança.
Choveram também teorias conspiratórias de que seríamos cobaias de experimentos com inteligência artificial, entregando nossos dados pessoais de “mão beijada”.
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Mas calma, não é tão difícil assim entender do que se trata e não cair em armadilhas.
O que precisamos saber antes de aderir ao app da moda?
“É preciso entender o que é coletado, se é armazenado, com quem é compartilhado, quem é a empresa responsável, quem seria o controlador e o operador (classificações da lei). Para o usuário leigo, é preciso que haja uma política clara e facilmente compreensível, que reúna em destaque as principais informações – para qual finalidade cada dado é utilizado, quem utiliza e com quem compartilha, quando e como os dados são descartados, quais são os canais de contato e reclamação em caso de algum problema, dentre outros”, aconselha a pesquisadora.
Especificamente sobre o Lensa, Mariana Riell diz que a empresa é enfática ao dizer que descarta as fotos originais após 24 horas, mas a política autoriza o uso pela empresa das artes criadas a partir das fotos, inclusive podendo modificá-las posteriormente.
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Além disso, o Lensa coleta informações sobre atividades online do usuário (behavioral tracking) e nesse ponto a política menciona consentimento expresso, mas também diz que se o usuário não quiser essa coleta, deve acessar as configurações do dispositivo, ou entrar em contato com a empresa – o que é contraditório com a afirmação sobre consentimento prévio, segundo explica a pesquisadora.
Existem outros risco em relação a aplicativos de inteligência artificial, em relação aos dados de origem – no caso, as fotos. Por isso, a pesquisadora considera buscar respostas para algumas perguntas importantes:
“O que é feito com eles? Outros dados também são requeridos? Os aplicativos se conectam com contas de redes sociais, qual é o tempo de retenção das informações? E se for o caso, quando e como elas são descartadas?”.
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Adianta apagar das redes os avatares e apagar o aplicativo, uma vez que já utilizou?
De acordo com Mariana Riell, a política da Lensa permite que a empresa utilize não as fotos originais, que são deletadas após 24 horas, mas sim os avatares criados, além de possivelmente reter outros dados pessoais fornecidos ou coletados.
“Apagar o aplicativo não significa deletar a conta e a própria política explicita esse ponto. Para garantir que ao menos os demais dados pessoais sejam descartados, seria necessário deletar a conta. Em caso de alguma demanda específica relacionada a dados pessoais, a política sugere entrar em contato diretamente com: [email protected]“, explica.
Outros riscos: exposição e imagem distorcida?
Além da preocupação com a segurança de dados, antes de usar qualquer app de fotos é importante pensar também no excesso de exposição na internet ou até na distorção de imagem, um fenômeno moderno que se espalha entre os mais jovens.
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“Falando de aplicativos em geral, há vários possíveis riscos, como a intensificação de problemas de distorção de imagem, especialmente em pessoas mais jovens, a partir da proliferação desse tipo de tecnologia, que já ocorre de forma mais diluída com o uso de filtros em aplicativos de fotos e vídeos”, alerta Mariana Riell.
A especialista fala de uma questão mais profunda, sobre como as pessoas, de várias idades, se relacionam com a tecnologia e com a (auto)imagem, e vai além de um aplicativo ou tecnologia específica.