O futuro dos julgamentos criminais com o uso de realidade aumentada

Já faz algum tempo que o termo 'virtópsia' foi cunhado e registrado por Richard Dirnhofer, ex-chefe de Medicina Legal da Universidade de Berna, na Suíça. Este método contempla o uso da digitalização da imagem e uso de realidade aumentada, permitindo a análise detalhada do corpo humano sem a necessidade de procedimentos invasivos. A partir de exames de tomografia computadorizada e ressonância magnética, permite-se a visualização dos tecidos, fraturas e lesões de forma precisa.

A técnica vem se tornando comum em diversos países, inclusive no Brasil, como é o caso do Rio de Janeiro e Distrito Federal.

PUBLICIDADE

Dois casos suíços usaram essa tecnologia e foram relatados numa matéria realizada com a participação de Michael Thali, Diretor do Instituto de Medicina Forense da Universidade de Zurique: a primeira delas envolvia um suíço que assassinou a esposa no banheiro de sua casa. O assassino, que morreu enquanto cumpria sua pena de prisão, havia tentado pela primeira vez assassinar sua esposa vários anos antes em Mallorca, esmagando-a contra uma parede com seu carro quando ela saiu de casa. A tentativa falhou e os dados capturados pela tomografia forense do corpo foram usados ​​para recriar detalhes do ataque anterior em uma reconstrução dos eventos.

O Dr. Michael Thali  relata que, após o ataque do carro, a esposa sofreu de amnésia e o marido disse à polícia que ela havia caído do primeiro andar da casa. No entanto, imagens e forenses contaram uma história diferente, e as evidências ajudaram a condenar o homem que matou sua esposa para reivindicar uma grande apólice de seguro de vida.

Realidade aumentada nos julamentos

Além do grande potencial no esclarecimento de crimes com uso da técnica virtópsia, o ponto que eu gostaria de chamar a atenção, no entanto, é que a utilização da técnica da virtópsia atrelada ao uso de tecnologias imersivas pode potencializar, além da precisão na identificação do tipo de lesão e como foi feita, na reconstrução de forma mais exata do crime.

PUBLICIDADE

Com a utilização de tecnologias sobrepostas (virtópsia e tecnologias imersivas em julgamentos), a reconstrução de crimes com a demonstração dos tipos de lesão de forma precisa, poderão auxiliar em julgamentos, não só a partir de um cenário de persuasão, como no caso da reconstrução dos crimes em formato 3D, mas com a produção de provas técnicas fundamentais para o desfecho de um caso.

Para se visualizar com mais precisão, vamos pensar no seguinte exemplo fictício:

“Era uma manhã de sábado e a tranquilidade da pequena cidade de Riverside (nome fictício) foi interrompida por um crime chocante: o corpo de um jovem foi encontrado na margem do rio. A vítima, identificada como Marcos Silva (nome fictício), tinha marcas de tiros em seu corpo e sinais de violência. A equipe de investigação local começou a trabalhar no caso, mas as pistas eram escassas e os assassinos pareciam ter deixado poucos rastros.

PUBLICIDADE

A investigação levou a equipe a um pequeno bar na saída da cidade, onde Marcos foi visto pela última vez com um grupo de homens suspeitos. A partir de depoimentos e análise de câmeras de segurança, a equipe conseguiu identificar dois suspeitos, Lucas e Rafael (nomes fictícios), que foram presos e levados a julgamento.

Para ajudar a esclarecer os fatos, a equipe de investigação utilizou tecnologia de virtópsia, que permite uma análise detalhada do corpo da vítima em 3D, incluindo a visualização de órgãos internos e lesões de forma precisa. Com o auxílio de especialistas em virtópsia, foram encontradas novas pistas que indicavam que a arma utilizada para matar Marcos tinha sido uma pistola específica, pertencente a Lucas.

Durante o julgamento, a equipe de acusação utilizou tecnologias imersivas e realidade aumentada para apresentar as provas de forma mais técnica,  clara e impactante para o júri. Com óculos de realidade aumentada, os jurados e todos os demais participantes do julgamento puderam visualizar o crime em tempo real, simulando o ambiente onde ocorreu e visualizando as provas de forma mais interativa, clara e com a demonstração da virtopsia.

PUBLICIDADE

Com a ajuda da tecnologia, foi possível esclarecer de forma incontestável a autoria do crime e condenar Lucas e Rafael à prisão. A utilização de tecnologias avançadas de investigação e julgamento permitiu que a justiça fosse feita de forma mais precisa e justa, garantindo que os culpados fossem responsabilizados por seus atos.”

(Usei o CHAT GPT para me auxiliar a fazer este relato em formato de narrativa 🙂).

Com isso, trazendo uma visão de longo prazo para julgamentos ao redor do mundo, podemos considerar que tecnologias imersivas atreladas a técnicas já existentes como a virtópsia, poderão ser ferramentas fundamentais para garantir o esclarecimento de crimes e garantir o bom resultado do processo.

PUBLICIDADE

A investigação com o auxílio de realidade aumentada e virtual estão evoluindo em todo o mundo

No Tech Trends Report 23 de Amy Webb, um dos relatórios futuristas mais respeitados do mundo e lançado no último dia 11, no Festival SXSW , em Austin, Texas, traz que a evolução da investigação das cenas de crime e simulações remotas estão evoluindo em diversos países.

Tech Trends Report 23 de Amy Webb, (traduzido pelo Google)

Além do Instituto de Medicina Forense de Zurique que citamos, o Tech Trends reporta que uma agência de pesquisa de Londres, sediada na Universidade de Goldsmiths, utilizou tecnologia de realidade virtual para modelar ambiente 3D enquanto investiga afronta aos direitos humanos, compartilhando seu trabalho com parlamentares, inquéritos populares e também para a Organização das Nações Unidas.

A utilização desse tipo de experiência, portanto, poderá trazer uma visão revolucionária de como podem ser as investigações e julgamentos dos tribunais no futuro.

Para consultar a referência, clique aqui!

Leia mais de nossa colaboradora:

O futuro dos julgamentos criminais com o uso de realidade aumentada – Sílvia Piva

Sílvia Piva é advogada, mestre e doutora em Direito Tributário. Piva integra um escritório de advocacia e leciona em cursos de pós-graduação sobre temas tributários. Entusiasta das tecnologias, ela é pesquisadora do Instituto de Estudos Avançados da USP sobre simbioses humano-tecnologias. Além disso, ela é uma das fundadoras do Ex nunc metaverse, o primeiro metaverso jurídico do Brasil.

Rolar para cima