Este artigo foi desenvolvido com base na pesquisa “Os efeitos da inteligência artificial na vida profissional das mulheres[1]”, um estudo colaborativo realizado pela UNESCO, a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e o IBD. A pesquisa aborda como a inteligência artificial (IA) está transformando o ambiente de trabalho e quais são seus impactos específicos na carreira profissional principalmente das mulheres.
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Inicialmente, você sabe sobre o que é a Inteligência Artificial? Trago aqui uma peque porção da definição apontada na pesquisa, a saber:
Inteligência artificial (IA): um sistema de IA é “um sistema com base em máquina que pode influenciar o ambiente que produz um resultado (previsões, recomendações ou decisões) para um determinado conjunto de objetivos. A IA usa dados e intervenções humanos e/ou com base em máquina para (i) perceber ambientes reais e/ou virtuais; (ii) abstrair essas percepções em modelos por meio de análise de maneira automatizada (por exemplo, com aprendizado de máquina) ou manual; e (iii) usar a inferência do modelo para formular opções na obtenção de resultados. Os sistemas de IA são projetados para operar com vários níveis de autonomia” (OCDE, 2019b). Eles compreendem “máquinas capazes de imitar certas funcionalidades da inteligência humana, incluindo características como percepção, aprendizagem, raciocínio, resolução de problemas, interação linguística e até mesmo produzir trabalhos criativos”[2].
O avanço da Inteligência Artificial (IA) promete transformações profundas em diversos setores, promovendo desde melhorias de eficiência até a criação de novos produtos e serviços. No entanto, é crucial examinar como essas mudanças afetam diferentes segmentos da população, especialmente as mulheres, que historicamente enfrentam desigualdades no mercado de trabalho.
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A IA pode representar tanto uma oportunidade quanto um desafio para a inclusão das mulheres no mercado de trabalho, especialmente nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM). Mulheres ainda são minoria nestas áreas e frequentemente recebem menos do que seus colegas masculinos, além de ocuparem menos cargos de liderança.
O referido estudo apontou que que a IA pode tanto perpetuar quanto mitigar desigualdades de gênero existentes, em algumas perspectivas:
- Automatização e Habilidades: A automatização impulsionada pela IA pode eliminar ou transformar muitos empregos, exigindo novas habilidades e qualificações. As mulheres precisam ter acesso igualitário a treinamentos e desenvolvimento profissional em áreas influenciadas pela IA para não serem abandonadas.
- Contratação e Recrutamento: Sistemas de IA usados em processos de recrutamento podem reduzir vieses inconscientes, desde que sejam adequadamente programados para evitar preconceitos existentes. No entanto, se não forem cuidadosamente monitorados, esses sistemas podem replicar ou até intensificar discriminações. Inclusive já há casos como estes.
- Desenvolvimento de Carreira: A IA também oferece ferramentas para desenvolvimento profissional personalizado, permitindo que as mulheres possam progredir em suas carreiras de maneira mais informada e estruturada.
Impacto Cultural e Social da IA
É realmente encantador pensar que, mesmo em um mundo inundado por avanços tecnológicos e inteligência artificial, ainda temos a liberdade de escolher.
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Podemos optar por abraçar ou rejeitar as novas tendências conforme elas surgem. Esta capacidade de escolha destaca a beleza da diversidade humana e da autonomia individual. Mesmo com todas as mudanças rápidas e constantes, o poder de decidir como queremos interagir com essas inovações permanece em nossas mãos. Isso ressalta a importância de refletirmos sobre como as tecnologias afetam nossa vida e quais aspectos delas queremos incorporar ou não ao nosso cotidiano. Aqui está o poder de escola, seja da mulher ou de qualquer ser humano.
Fato é que, o impacto da inteligência artificial (IA) é vasto e penetra muito além do mercado de trabalho, reconfigurando normas culturais e sociais de formas significativas. Um dos aspectos mais importantes destacados na pesquisa é a necessidade de considerar fatores chave, estes incluem:
- Reconhecimento e Respeito às Diferenças: Reflitam a diversidade da sociedade em seus algoritmos e funcionalidades, evitando perpetuar estereótipos de gênero.
- Participação na Formulação de Políticas: Mulheres devem estar envolvidas na formulação de políticas que regem o desenvolvimento e uso da IA garantindo que suas vozes sejam ouvidas e que suas preocupações específicas sejam endereçadas.
Este olhar crítico sobre a diversidade de gênero, principalmente para os algoritmos de IA, é importante, pois podem perpetuar estereótipos de gênero se não forem adequadamente supervisionados e ajustados, podem gerar o que chamamos de “discriminação algorítmica[3]”. Isso ocorre porque muitos sistemas de IA aprendem a partir de grandes volumes de dados históricos que podem conter vieses de gênero. Mas vale lembrar essa base histórica de dados e algoritmos foram treinados e reconfigurados por humanos.
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Por outro lado, não se pode descartar o fato de que a IA também oferece ferramentas para desafiar esses estereótipos, através de programas educativos e iniciativas que promovem uma representação mais equitativa de gêneros em diversos setores, inclusive na inteligência computacional, computação quântica e outros. E é exatamente por isto que a pesquisa “Os efeitos da inteligência artificial na vida profissional das mulheres” foi desenvolvida, para aumentar a conscientização sobre a prevalência, a funcionalidade técnica e as possíveis consequências dos sistemas de IA, bem como documentar os atuais e os possíveis efeitos da IA nas mulheres em seus locais de trabalho, para ampliar a conscientização dos efeitos variados e generalizados da IA sobre as mulheres e apresentar os desafios e oportunidades específicos das tecnologias de IA emergentes.
Enfim uma resposta. Será?
Para os entusiastas da IA, o relatório visa contribuir para o debate amplo sobre o papel das mulheres na IA analisando os impactos potenciais da automação nas suas carreiras e oportunidades profissionais. O estudo também ilustra que na atualidade não há uma resposta definitiva sobre como a automação impulsionada pela IA mudará os empregos das mulheres. No entanto, como a IA pode automatizar até mesmo tarefas complexas e não rotineiras, os governos e as organizações devem se concentrar em dar às mulheres a oportunidade de desenvolver habilidades digitais, criativas, sociais e emocionais que lhes permitam adaptar-se e prosperar na era da IA. Quem discorda?
[1] Publicado em 2023 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), 7, place de Fontenoy, 75352 Paris 07 SP, França; pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), 1300 New York Avenue, N.W., Washington, D.C. 20577, USA; pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 2, rue André Pascal, 75016 Paris; e pela Representação da UNESCO no Brasil.
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[2] (UNESCO, 2019b)
[3] Discriminação algorítmica é um conceito que corresponde ao ato de algoritmos tomarem atitudes discriminatórias ou exclusórias em relação a seres humanos. Estas atitudes podem ser desde simples erros em detecções faciais, até a condenação de um indivíduo por algoritmos jurídicos baseado em suas características raciais. A discriminação algorítmica está diretamente relacionada ao viés algorítmico.
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Eu só não concordo quando você diz que temos escolha. Escolher não aprender, não acompanhar é ficar pra trás!