A indústria jornalística foi sacudida no dia final de abril (29) pelo anúncio de um acordo entre o Financial Times e a OpenAI segundo o qual, o ChatGPT será treinado por conteúdos do arquivo do diário financeiro britânico.
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O FT não é o primeiro jornal importante a fechar uma parceria com a OpenAI, outras estrelas da imprensa mundial como o diário francês Le Monde, a agência Associated Press dos Estados Unidos, os grupos Axel Springer, da Alemanha, e Prisa Media, da Espanha, também assinaram recentemente contratos com a empresa comandada por Sam Altman.
Mas o caso do FT já pode ser considerado um marco nessa nova fase, repleta de desafios, para o jornalismo global. O jornal financeiro é um dos mais influentes do mundo, tem investido forte em tecnologia nos últimos anos e cobra muito caro por assinaturas. Sua decisão demonstra um pragmatismo diante da revolução gerada pela IA.
A OpenAI e as suas concorrentes precisam de muito conteúdo (textos, fotos, vídeos, áudios etc.), de fontes confiáveis para treinar os seus robôs, cada vez mais inteligentes. Mais importante ainda, esses conteúdos devem ser usados com a autorização das fontes, através de acordos de licenciamento, como este firmado com o FT.
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Desconfiança
As empresas jornalísticas tradicionais, que na imensa maioria dos casos ainda não conseguiram recuperar sua vitalidade financeira após a chegada da internet e das mídias sociais (sem mencionar as que não sobreviveram), precisam aumentar suas fontes de receita.
A concessão de seus arquivos, em alguns casos centenários, podem ajudar neste esforço.
Mas ainda se nota entre muitos players regionais ou nacionais uma enorme desconfiança e resistência à chegada da IA, seja por desconhecimento ou receio do impacto da nova tecnologia sobre o jornalismo.
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Esses grupos não deveriam perder a oportunidade de dialogar e procurar formatar acordos com a OpenAI, Google, Meta e outras bigtechs para um uso controlado e remunerado de seus conteúdos.
Corrida do ouro
Neste momento, a busca pelos desenvolvedores de modelos de IA generativa por conteúdos é imensa, estamos testemunhando uma espécie de “corrida do ouro”, só que hoje commodity em falta é conteúdo. Quem controla arquivos, tem um ativo muito valioso e pode faturar alto com acordos de licenciamento.
Mas essa intensidade na demanda pela matéria prima que alimenta os robôs não deve durar para sempre, o que, por sua vez, significa que as remunerações por arquivos poderão declinar acentuadamente nos próximos anos.
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Muitas empresas resistiram demais à chegada da internet, atrasando investimentos em tecnologia e novos modelos de negócios. Elas não podem se dar o luxo de repetir esse erro.
Nem todas as marcas mundiais de jornalismo parecem dispostas em aceitar esse novo modelo. O gigante New York Times não fechou um acordo para liberar conteúdos e está inclusive travando uma batalha judicial com a OpenAI por causa disso. Veremos nos próximos meses se o NYT vai insistir nessa estratégia ou buscará outros caminhos para se posicionar na era da IA.
Se você é dono de um conteúdo rico e de qualidade, com abrangência histórica, seja ele de impacto global, regional ou local, jornalístico ou não, pense bem nos próximos passos. A hora é agora.
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(Esse texto foi publicado no dia 29/04/24 nas newsletters do Curto News apenas para os assinantes pagantes. Se você quer receber em primeira mão análises e notas exclusiva sobre o universo AI, conheça e assine as nossas newsletters:
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