Inteligência Artificial

Pesquisadores usam IA para identificar vítimas do Holocausto

Publicado por
Vinicius Siqueira

Pesquisadores em Israel estão recorrendo à inteligência artificial (IA) para vasculhar pilhas de registros na tentativa de identificar centenas de milhares de pessoas judias mortas durante o Holocausto – cujos nomes estão ausentes dos memoriais oficiais.

Funcionários do Yad Vashem Centro Mundial de Recordação do Holocausto, em Jerusalém, disseram que estão trabalhando para intensificar as buscas por detalhes de vítimas conhecidas e desconhecidas após desenvolverem seu próprio software alimentado por IA.

Ao longo dos anos, voluntários rastrearam informações sobre 4,9 milhões de indivíduos lendo declarações e documentos, verificando filmagens, cemitérios e outros registros.

“É muito difícil para um ser humano fazer isso – apenas passar por tudo e não perder nenhum detalhe”, disse Esther Fuxbrumer, chefe de desenvolvimento de software do centro.

Existem grandes lacunas em seus 9 milhões de registros existentes. Os nazistas “simplesmente pegaram as pessoas, as executaram e as jogaram em uma cova. E não sobrou ninguém para contar sobre elas”, disse Fuxbrumer.

E então há a tarefa monumental de vincular indivíduos a datas, membros da família e outros detalhes, observar duplicatas e comparar relatos.

O sistema de IA, desenvolvido nos últimos dois anos para vasculhar registros em inglês, hebraico, alemão, russo e outros idiomas, está atualmente em fase de testes.

“Essa tecnologia funciona muito rápido, leva algumas horas para examinar centenas de depoimentos e é muito precisa, os resultados”, disse Fuxbrumer.

“Vimos que de cada depoimento poderíamos obter entre seis ou sete nomes com detalhes completos que poderíamos colocar automaticamente em nosso banco de dados, e cerca de 10% dos nomes que encontramos já estavam em nosso banco de dados, mas 90% são nomes novos que não sabíamos.”

Em um caso, eles encontraram informações sobre Yehudit e Ruth Rosenbaum, duas irmãs gêmeas de quatro anos e meio da Romênia que foram levadas para Auschwitz. Yehudit sobreviveu. Ruth foi assassinada.

“E conseguimos trazer mais informações sobre Ruth de alguém que não é sua família, alguém que a conheceu no campo”, disse Fuxbrumer.

Nos testes, a equipe está realizando testes em 400 de seus 30.000 depoimentos, incluindo muitos vídeos gravados de três horas de sobreviventes.

Fuxbrumer disse que 1.500 novos nomes foram adicionados e muitos mais são esperados nas próximas semanas, quando o sistema for usado em todos os 30.000 depoimentos. A próxima fase do teste abrangerá diários.

“Acreditamos que dessa forma poderemos trazer muitas histórias sobre muitas vítimas que foram mortas, crianças pequenas que ninguém mais conhecia, para nos contar a história sobre o que aconteceu com elas.”

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Vinicius Siqueira

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