Altos executivos das principais empresas de tecnologia francesas alertaram que as restrições à imigração propostas pelo partido de extrema-direita Rassemblement National representam uma ameaça à ambição do país de se tornar o principal polo de inteligência artificial (IA) da Europa.
O Presidente Emmanuel Macron convocou eleições antecipadas para a câmara baixa do parlamento, com primeiro turno em 30 de junho e segundo turno em 7 de julho.
Macron tem priorizado o apoio a empresas de tecnologia locais, facilitando a contratação de estrangeiros por startups, fazendo lobby contra regulamentações da União Europeia – que considera muito rígidas – , e atraindo investimentos de Amazon e Microsoft.
Mas o Rassemblement National (RN) de Marine Le Pen, que se prevê conquistará a maioria dos assentos nas eleições, prometeu reduzir o número de trabalhadores migrantes permitidos na França e impor maior escrutínio sobre investimentos estrangeiros.
Isso poderia minar as ambições do país na área de inteligência artificial, dizem os executivos de tecnologia.
“Concordo completamente com as preocupações em relação à posição anti-imigração do partido”, disse Julien Launay, CEO da startup de IA Adaptive ML.
“Nas duas startups anteriores em que trabalhei, a imigração qualificada para a França foi um grande fator impulsionador de talentos. Especialmente estudantes que vieram estudar aqui, fizeram estágios em diferentes empresas e acabaram ficando. Isso é um canal incrível para jovens talentos.”
Camille Lemardeley, diretora geral da Superprof, uma startup de educação sediada em Paris, disse que as políticas propostas pelo RN poderiam criar um ambiente menos acolhedor para profissionais internacionais, afetando o clima empresarial mais amplo.
“A plataforma política do RN inclui propostas que enfatizam controles mais rígidos sobre imigração e um foco na preferência nacional no emprego”, disse ela.
“Isso poderia ter um efeito cascata sobre inovação e competitividade, não apenas para a Superprof, mas para todo o ecossistema de tecnologia francês.”
Nas últimas semanas, a França tem buscado afirmar sua posição como líder em IA, com líderes empresariais e políticos de todo o mundo participando da conferência anual VivaTech em Paris.
Mas as restrições propostas pelo RN à contratação de trabalhadores estrangeiros poderiam minar isso, segundo Hugo Weber, chefe de assuntos públicos da Mirakl, empresa de e-commerce sediada em Paris, que descreveu as políticas do partido como “fundamentalmente prejudiciais” para o ecossistema tecnológico da França.
Weber afirmou que a Mirakl, que oferece soluções baseadas em IA para varejistas online, depende de investimentos de fundos globais de capital de risco e da capacidade de recrutar talentos do exterior.
“Estou preocupado com a capacidade das startups francesas de continuar atraindo financiamento e permanecer como um destino para talentos de tecnologia, especialmente em IA”, disse ele.
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