Salman Rushdie foi submetido a uma cirurgia de emergência após ser esfaqueado em um evento no estado de Nova York, nesta sexta-feira (12). Andrew Wylie, empresário do escritor, informou que Rushdie foi levado de helicóptero ao hospital e operado, prometendo mais atualizações sobre o estado de saúde.
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Segundo a polícia, por volta das 12h de Brasília, “o suspeito correu para o palco e atacou Rushdie e um entrevistador”. O escritor “foi esfaqueado no pescoço” e o entrevistador que estava ao lado dele sofreu uma lesão na cabeça, acrescentou.
Relatos de outras testemunhas afirma que o escritor recebeu de 10 a 15 golpes, como informa reportagem do jornal O Globo.
Vídeos nas redes
Rapidamente após o ataque, diversos vídeos, feitos por expectadores do evento onde o escritor foi esfaqueado, começaram a ser divulgados na internet:
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Imagens de Rushdie sendo levado até o helicóptero também vieram à público:
O autor do ataque – um homem branco, de cabelo raspado, vestindo roupas camufladas por baixo de um casaco preto – foi detido rapidamente por um polical do estado de Nova York e está sob custódio.
Carl LeVan, professor de ciência política que estava na sala, disse à AFP por telefone que um homem se jogou sobre o palco e, enquanto Rushdie estava sentado, “o esfaqueou vigorosamente várias vezes” e “tentou matá-lo”.
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Perseguido
O escritor de 75 anos virou alvo de extremistas após publicar seu segundo romance “Os Filhos da Meia-Noite” de 1981, que recebeu aclamação internacional e o prestigioso Prêmio Booker do Reino Unido por retratar a Índia pós-independência.
Mas foi “Os Versos Satânicos”, de 1988, que causou o maior impacto ao provocar uma fatwa – uma espécie de decreto religioso – do líder revolucionário iraniano aiatolá Ruhollah Khomeini para assassiná-lo.
O romance foi considerado por alguns muçulmanos como desrespeitoso à religião.
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Por quê?
O livro “Os Versos Satânicos”, editado no Brasil pela Companhia das Letras, foi especialmente polêmico por ter um personagem inspirado no profeta Maomé. Além de ousar na escolha do protagonista, os críticos de Rushdie dizem que ele retratou a figura mais importante para o islamismo de forma ofensiva, principalmente para líderes da comunidade muçulmana.
Uma década escondido
Rushdie, nascido em Bombaim, de família de muçulmanos não praticantes e ateu declarado, foi forçado a viver escondido enquanto uma recompensa era oferecida por sua cabeça. Recompensa ainda válida.
O governo do Reino Unido garantiu ao escritor proteção policial, depois de tentativas de assassinato contra seus tradutores e editores. O escritor passou quase uma década escondido, mudando de casa repetidamente e incapaz de dizer aos filhos onde morava. Só começou a deixar sua vida como fugitivo no final dos anos 1990, depois que o governo do Irã informou que não apoiaria o assassinato dele.
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Atualmente, Rushdie vive em Nova York e é um forte defensor da liberdade de expressão.
Voz essencial
Ameaças e boicotes persistem contra os eventos literários de que Rushdie participa.
Os livros de Rushdie foram traduzidos para mais de 40 idiomas e seu romance “Os Filhos da Meia-Noite”, com mais de 600 páginas, foi adaptado para palco e tela.
Suzanne Nossel, diretora nos Estados Unidos da organização PEN, que defende a liberdade de expressão, destacou apoio ao “intrépido Salman“, desejando-lhe “uma recuperação completa e rápida”.
“Apenas horas antes do ataque, na manhã de sexta-feira, Salman me enviou um e-mail para ajudar com a localização de escritores ucranianos que precisam de refúgio dos graves perigos que enfrentam”, disse Nossel em comunicado.
“Sua voz essencial não pode e não será silenciada”, acrescentou.
Fonte: AFP