Morte de Mahsa Amini: onda de revolta contra “polícia moral” cresce nas redes e chega à ONU

Uma onda de protestos se desencadeou no Irã e no mundo após a morte de Masha Amini, aos 22 anos. A jovem foi hospitalizada em coma e faleceu na sexta-feira (16) após ter sido presa pela "polícia moral" iraniana por usar de forma incorreta o hijab - véu que cobre os cabelos.

Nesta terça (20), a ONU expressou preocupação com as alegações de tortura que envolvem o caso de Amini. Para reprimir as manifestações que seguiram, as forças de segurança iranianas dispararam munições reais contra a população. Segundo relatos, pessoas morreram nos protestos pelo país.

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A morte de Mahsa Amini acontece em meio a debates sobre a conduta da chamada “polícia moral” que patrulha os espaços públicos para comprovar a aplicação da lei do véu e outras regras islâmicas.

No último sábado (18), após o funeral de Mahsa, manifestantes se reuniram em frente ao gabinete do governador do Teerã gritando pedidos de investigações sobre o caso. O grupo foi dispersado pelas forças de segurança com gás lacrimogênio. Já nesta segunda-feira (19), os protestos pedindo esclarecimentos se espalharam por mais universidades iranianas. No centro de Teerã, centenas de pessoas desafiaram autoridades com gritos de ordem e algumas tiraram os véus.

Mulheres nas redes

Em vídeos compartilhados em plataformas digitais, mulheres iranianas, afegãs, canadenses, americanas e de outros locais do mundo estão cortando seus cabelos como forma de protesto e de expressão de raiva diante da detenção seguida de morte de Amini. Hashtags como #Mahsa_Amini e outras com o nome da jovem foram levantadas nos posts, que reúnem também diversas artes que homenageiam sua figura.

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https://twitter.com/Nilo_ufar/status/1572182642824716290?s=20&t=bnaUXMwPY6WXJDfFIToHdA

Da prisão à morte: entenda

Mahsa Amini (22), natural da região do Curdistão, visitava a capital iraniana com a família quando foi presa no último dia 13 pela unidade policial do Irã responsável por vigiar o cumprimento das regras de vestimentas impostas às mulheres iranianas. No quartel-general, a jovem receberia, junto a outras mulheres detidas, uma “aula de reeducação” sobre o código.

Segundo a polícia do Teerã, Mahsa teria desmaiado repentinamente e, então, sido levada para o hospital, onde permaneceu por três dias em coma até falecer.

Segundo seus familiares e o Escritório do Alto Comissariado, a jovem teria sido espancada até a morte pelos agentes. As autoridades de segurança negam que tenha havido maus tratos ou “contato físico” entre os agentes e a jovem.

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ONU

Nesta terça (20), a Alta Comissária Interina das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Nada Al Nashif, levantou preocupação sobre o tema em Genebra e disse que “a trágica morte de Mahsa Amini e as alegações de tortura e maus-tratos devem ser investigadas com rapidez, imparcialidade e eficácia por uma autoridade competente independente que garanta que sua família tenha acesso à justiça e à verdade”.

Obrigatoriedade do hijab

Desde a Revolução Islâmica, em 1979, a lei do Irã exige que as mulheres, iranianas ou estrangeiras, de qualquer religião, usem o véu. Nos últimos 20 anos, no entanto, cada vez mais mulheres em Teerã e outras grandes cidades deixam boa parte do cabelo visível, mesmo de véu.

Com AFP

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