Agência da ONU para refugiados faz alerta sobre crises humanitárias que vão além da Ucrânia

A recepção aos ucranianos permitiu derrubar o "mito de que a Europa está cheia, que não pode acolher mais pessoas", afirmou o alto comissário das Nações Unidas (ONU) para os refugiados, Filippo Grandi, que fez um apelo por mais espaço para os outros refugiados.

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Isabella Caminoto

“Não esqueçam os outros”, disse o titular do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) em uma entrevista à AFP em Paris, onde discutiu com o presidente francês, Emmanuel Macron, as respostas humanitárias aos diversos conflitos que provocam deslocados.

A proteção temporária que a União Europeia (UE) concede às pessoas que fogem da ofensiva russa na Ucrânia, a hospitalidade dos europeus e a unanimidade sobre sua acolhida “demonstraram que é possível fazer. Vamos fazer então”, disse.

Quando a opinião pública ocidental, “que sempre é considerada hostil aos refugiados, compreende o vínculo entre guerra, violência, exílio e fuga, fica muito mais fácil aceitar que os refugiados precisam de proteção”, acrescenta.

Os casos são inúmeros, segundo Grandi, que cita os conflitos cada vez mais “complexos e multifatoriais” que geram milhões de deslocados no Afeganistão, na região do Chifre da África ou no Iêmen.

“Isto não significa que os ucranianos devam receber menos. Todos compreendem por que eles fogem. Mas também há outros refugiados que fogem das bombas”, disse o italiano, que pede “esforços adicionais para os outros”.

“O terror que passam, o sofrimento que a guerra inflige aos civis, as violações dos direitos humanos têm o mesmo impacto na Ucrânia, na Síria, no Iêmen ou em outros lugares”, afirmou o alto comissário, de 65 anos.

Além da Ucrânia, Grandi, que recebeu um novo mandato à frente do Acnur em setembro, expressou inquietação com a falta de recursos para enfrentar outras crises este ano e em 2023, como na América do Sul ou em Mianmar com os rohingyas.

E fez um alerta sobre a mudança climática, cujas consequências são sentidas “em suas manifestações mais extremas, como as inundações no Paquistão que provocaram dezenas de milhões de deslocados”.

O aquecimento do planeta complica muito mais a situação, afirmou Grandi, para quem “o vínculo entre mudança climática e conflitos” é preocupante.

“Esta mistura de causas sem dúvida aumentará a população deslocada”, adiantou.

(com AFP)

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Isabella Caminoto

Advogada e mestranda em Direito Internacional, tenho a democracia e a liberdade como bandeiras irrenunciáveis. Sou apaixonada pelos animais e acredito que o bem-estar do nosso planeta deveria ser o destaque diário da pauta da nossa sociedade.

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