Veja os destaques do Curto Verde desta segunda-feira (17): relatório aponta que se o Brasil ampliar as políticas já existentes na agropecuária, na energia, no saneamento e no controle do desmatamento, poderá reduzir as emissões de metano em 36% até 2030; Portugal abandona o carvão e aposta em energias renováveis; estudo mostra que a recuperação de pastos degradados no Brasil pode custar mais de R$ 380 bilhões; YouGreen, a cooperativa de catadores de lixo que ganha franquias pelo Brasil; e um E-book gratuito onde pesquisadores da USP explicam o impacto dos microplásticos nos ecossistemas.
O Brasil pode reduzir suas emissões de metano em 36% até 2030 em relação aos níveis de 2020 apenas ampliando políticas e medidas já existentes na agropecuária, no setor de energia, no saneamento e no controle do desmatamento. A conclusão é de um cálculo inédito apresentado nesta segunda-feira (17) pelo Observatório do Clima.
O novo relatório do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG ), aponta que o Brasil tem condições de adotar para si uma meta de corte de metano maior do que os 30% propostos para 2030 pelo Compromisso Global do Metano, um acordo voluntário assinado em 2021 em Glasgow por cerca de 120 países.
No longo prazo, com políticas mais profundas e maior investimento, o potencial do país é de reduzir as emissões desse potente gás de efeito estufa em até 75%.
O metano (CH4) é o segundo maior responsável pelo aquecimento global. Quase metade do aumento de temperatura global observado hoje se deve às emissões desse gás. (Global Methane Pledge*)
Faz um ano que não sai fumaça das duas torres da última central a carvão de Portugal. O país ibérico abriu mão desta fonte de energia antes do esperado e aposta nas energias renováveis.
“A minha tarefa hoje é fechar a fábrica” de Pego, 120 km a nordeste de Lisboa, explicou o operador-chefe João Furtado à AFP, percorrendo o local com uma lanterna na mão e um capacete de segurança na cabeça.
As luzes apagadas e a poeira acumulada atestam o fechamento da usina em novembro de 2021, quase 30 anos após sua entrada em operação.
Portugal tornou-se o quarto país da Europa a abandonar o carvão.
Enquanto a crise energética provocada pela guerra na Ucrânia leva vários países europeus a reabrir ou ampliar suas centrais termoelétricas a carvão, o governo de Lisboa “continua convicto de que não será necessário reconsiderar esta decisão”, “importante para o ambiente”, assegurou em meados de setembro o ministro do Meio Ambiente, Duarte Cordeiro.
“Portugal é um exemplo na Europa”, comemora Pedro Nunes, especialista em energias renováveis da associação ambientalista Zero, lembrando que as duas centrais a carvão, sozinhas, eram responsáveis por “quase 20%” das emissões de gases do efeito estufa no país.
Para substituir a contribuição do carvão para a produção de eletricidade, o governo espera desenvolver ainda mais suas energias verdes para obter 80% de sua eletricidade em 2026, acima dos 40% em 2017.
Um estudo desenvolvido pelo Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da Fundação Getulio Vargas (FGV) revela que 18,94% do território brasileiro é composto por áreas de pastagens, o que corresponde a aproximadamente 160 milhões de hectares. Deste total, 52% apresentam algum nível de degradação (cerca de 89 milhões de hectares), sobretudo, na Amazônia e no Cerrado.
Para recuperar e reformar todas as áreas de pastagem que apresentam algum nível de degradação seriam necessários, aproximadamente, R$ 383,77 bilhões. Entretanto, a implementação de tecnologias de recuperação de pastagens degradadas teria o potencial de gerar receitas mais do que suficientes para compensar esses custos.
Caso o Brasil executasse as metas estabelecidas no Acordo de Paris para recuperar 15 milhões de hectares de pastagens deterioradas até 2030, teria um custo estimado de R$ 21,17 bilhões. Os maiores gastos estariam nos Estados de São Paulo, Pernambuco e Ceará.
De acordo com o portal Reset, cerca de duas toneladas de resíduos passam pela esteira da sede da YouGreen todos os dias.
A cooperativa tem como missão “resolver os problemas da gestão de resíduos, oferecendo as mais eficientes soluções ambientais e econômicas, por meio do trabalho digno, garantindo a justa distribuição da riqueza ao longo da cadeia produtiva”.
O objetivo da YouGreen – montada em 2011 pelo tecnólogo em processos de produção Roger Koeppl – é profissionalizar e valorizar a categoria, com um modelo de gestão de resíduos focado na rastreabilidade dos materiais.
Atualmente, a cooperativa gerencia cerca de 600 toneladas mensais de material e manda para reciclagem em torno de 200 toneladas, volumes também de 3 a 4 vezes maiores que a média das cooperativas brasileiras.
Com crescimento de 20% ao ano, a YouGreen começou, no ano passado, a expandir seu modelo por meio de franquias. A meta é levar, até 2026, seu processo de gestão a outras 73 cooperativas.
A publicação do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP) aborda questões sobre o plástico e seu potencial como um dos maiores poluidores do meio ambiente, além de possíveis soluções para o problema.
De acordo com estudos recentes, mais de 320 milhões de toneladas de plásticos são produzidos anualmente em todo o mundo e grande parte dessa produção é descartada em locais inadequados. Estima-se que 94% do plástico é destinado a aterros sanitários ou liberados no meio ambiente natural, enquanto apenas 6% são destinados à reciclagem.
Estes dados alarmantes estão presentes no e-book Microplásticos nos ecossistemas: impactos e soluções, publicado numa parceria entre o Instituto de Biociências (IB) e a Escola de Engenharia de Lorena (EEL), ambos da USP, e disponível para download gratuito.
(com AFP)
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