Durante dez dias, na cidade alemã de Bonn, negociadores de quase 200 países tentaram fechar a agenda provisória para Dubai, sem sucesso. Todas as partes signatárias da Convenção da ONU para combater a mudança climática, base das negociações, concordam que uma transição energética é necessária, mas a grande batalha é a que preço, em quais condições e cronograma.
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Ao ritmo atual de emissões de gases de efeito estufa, o planeta caminha para um aumento da temperatura média de +2,8°C até 2100. Na histórica COP de Paris em 2015, o objetivo prioritário era manter esse aumento em um máximo de +1,5 º C.
“A mudança climática não é um problema de ‘Norte contra Sul’, é um maremoto que não distingue ninguém”, alertou o secretário-executivo da ONU Clima, Simon Stiell, encerrando as negociações em Bonn na quinta-feira.
A União Europeia, apoiada em termos gerais por países latino-americanos e Estados insulares, quis colocar de volta à mesa os esforços para reduzir as emissões, mas os países emergentes, liderados por China, Índia e Arábia Saudita, exigiram que se falasse em dinheiro.
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“A relutância dos países desenvolvidos em realmente se comprometer” com o financiamento foi denunciada por Cuba em nome do grupo G77+China (que na verdade reúne 134 países em desenvolvimento, mais de 80% da população mundial). “Cada país tem o direito de seguir seu próprio caminho de desenvolvimento e transição”, explicou esse grupo.
Cúpula de Paris
“Respeitamos nossos compromissos com o financiamento climático”, declarou a UE, lembrando aos países pobres a necessidade de diversificar as fontes de investimento.
A questão financeira é o tema da cúpula de Paris para um novo Pacto Financeiro global, nos dias 22 e 23 de junho. Presidentes, autoridades do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial e o secretário-geral da ONU, António Guterres, que mantém um discurso enérgico contra os combustíveis fósseis, são convidados para esta cúpula.
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Os ativistas, por sua vez, mantêm a pressão sobre o presidente da COP28, que também é patrono da empresa de petróleo dos Emirados Árabes Unidos, Sultan al Jaber, que esteve em Bonn nos dias 8 e 9 de junho. Ele participou em reuniões com delegações e reconheceu que a redução de combustíveis fósseis é “inevitável”.