Sustentabilidade

COP28: Países chegam a acordo que fala em “transição”, mas não em eliminação dos combustíveis fósseis

Quase 200 países presentes na cúpula climática da ONU, a COP28, concordaram com um acordo que, pela primeira vez, apela a todas as nações para que abandonem os combustíveis fósseis para evitar os piores efeitos das mudanças climáticas.

Publicado por
Isabella Caminoto

Depois de duas semanas de negociações por vezes turbulentas nos Emirados Árabes Unidos, o acordo foi rapidamente aprovado pelo presidente da COP28, Sultão Al Jaber, na manhã desta quarta-feira (13). Ele recebeu uma ovação dos delegados e um abraço do chefe do clima da ONU, Simon Stiell.

Apesar do apelo de mais de 130 países, de cientistas e de grupos da sociedade civil, o acordo não incluía um compromisso explícito de eliminação ou mesmo redução gradual dos combustíveis fósseis. Ou seja: o acordo reconhece que é necessária a redução, mas não diz como isso será feito e não cita a eliminação, que é uma meta já acordada para 2050.

Em vez disso, alcançou um compromisso que apelava aos países para que contribuíssem para os esforços globais para a transição dos combustíveis fósseis nos sistemas energéticos “de uma forma justa, ordenada e equitativa, acelerando a ação nesta década crítica, de modo a alcançar zero emissões líquidas até 2050 em mantendo a ciência”.

Al Jaber argumentou que o acordo, alcançado no ano mais quente já registrado, foi uma resposta abrangente a um balanço global que concluiu que os países não estavam cumprindo os objetivos do histórico Acordo de Paris, particularmente um compromisso de tentar limitar o aquecimento global em 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.

“Entregamos um plano de ação robusto para manter o alcance de 1,5ºC”, disse ele. “É um pacote reforçado e equilibrado, mas não se engane, um pacote histórico para acelerar a ação climática. É o consenso dos Emirados Árabes Unidos. Pela primeira vez, temos linguagem sobre combustíveis fósseis no nosso acordo final”, afirmou.

Os países do Sul global e os defensores da justiça climática afirmaram que o texto ficou aquém do que era necessário em termos de redução de emissões e financiamento para ajudar os mais vulneráveis a lidar com o agravamento do clima e do calor extremos, e incluía uma linguagem que parecia aplacar os interesses dos combustíveis fósseis.

Leia também:

Siga o Curto no Google News

Este post foi modificado pela última vez em 13 de dezembro de 2023 14:14

Isabella Caminoto

Advogada e mestranda em Direito Internacional, tenho a democracia e a liberdade como bandeiras irrenunciáveis. Sou apaixonada pelos animais e acredito que o bem-estar do nosso planeta deveria ser o destaque diário da pauta da nossa sociedade.

Posts recentes

Walt Disney forma unidade de negócios para coordenar o uso de IA e realidade aumentada

A Walt Disney está formando um novo grupo para coordenar o uso da empresa de…

1 de novembro de 2024

HOVER: Modelo de IA compacto domina o controle de humanoides

A Nvidia acaba de publicar uma nova pesquisa apresentando o HOVER, uma pequena rede neural…

1 de novembro de 2024

O ChatGPT agora é um mecanismo de busca com IA

O ChatGPT agora é oficialmente um mecanismo de busca com inteligência artificial (IA). A empresa…

31 de outubro de 2024

Ucrânia lança dezenas de sistemas de IA para ajudar seus drones a atingir alvos

A Ucrânia está usando dezenas de sistemas de inteligência artificial (IA) fabricados localmente para seus…

31 de outubro de 2024

Google Maps usará IA para responder suas perguntas; entenda

A Alphabet, dona do Google, anunciou na quinta-feira (31) um conjunto de recursos que incorporam…

31 de outubro de 2024

Mistério resolvido: líder em geração de imagens de IA revela sua identidade

A startup de design Recraft acaba de anunciar seu novo modelo de inteligência artificial (IA)…

31 de outubro de 2024