“Nenhum país deve ter que escolher entre reduzir a pobreza e proteger o planeta”, afirmou o presidente francês, Emmanuel Macron, no discurso de abertura do encontro, no qual defendeu um “choque de financiamento público” e mais investimentos privados.
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Quase 40 chefes de Estado, incluindo o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, e líderes de organizações internacionais debaterão durante dois dias sobre apoiar os países mais vulneráveis diante do desafio duplo.
Em Roma, onde concedeu uma entrevista coletiva antes de viajar a Paris, Lula estabeleceu o tom ao afirmar que “os países desenvolvidos que desmataram suas florestas (…) e têm uma dívida histórica” devem agora “ajudar” financeiramente a América Latina e a África, “que precisam muito de investimentos e incentivos”.
O objetivo do evento é revisar a arquitetura financeira internacional, que nasceu com os acordos de Bretton Woods em 1944, quando a prioridade era reconstruir a Europa, para adaptá-la aos desafios do século XXI, como a mudança climática.
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A ideia foi apresentada no fim de 2022 na reunião de cúpula do clima COP27 no Egito pela primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, que nesta quinta-feira exigiu uma “transformação absoluta” e não apenas “uma reforma”.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, defendeu ideia durante a abertura da reunião em Paris ao destacar que “é necessário um novo Bretton Woods”, que dependerá da “vontade política e não acontecerá da noite para o dia”.
Os países em desenvolvimento consideram difícil obter acesso a financiamento do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (BM), necessário para enfrentar ondas de calor, secas e inundações, assim como para combater a pobreza.
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O objetivo da cúpula é ambicioso: criar musculatura financeira para enfrentar três crises interconectadas, a luta contra a pobreza, a descarbonização da economia e a proteção da biodiversidade, de acordo com Macron.
Embora o encontro tenha a aspiração de traçar um “mapa do caminho” para outras reuniões internacionais, já existem ideias sobre a mesa que incluem a ampliação da capacidade de empréstimo do FMI e dos bancos regionais de desenvolvimento, assim como o alívio da dívida dos países mais vulneráveis.