Diário da COP27: veja o que foi destaque neste sábado na Cúpula do Clima

Confira alguns destaques deste sábado (19), na “prorrogação” dos debates em Sharm el-Sheikh, no Egito. Após duas semanas de negociações, um acordo final ainda não foi divulgado. A última previsão é de que isso aconteça ainda nesta madrugada.

Publicado por
Isabella Caminoto

Neste sábado (19), as negociações foram intensas (e tensas) na COP27.

“Preparado para ir embora”

O vice-presidente executivo da Comissão Europeia, Frans Timmermans, disse neste sábado (19) que o bloco está “preparado para ir embora” se não houver avanços em manter viva a meta de limitar o aquecimento global a 1,5ºC até o fim do século.

Timmermans disse haver preocupações sobre um tema ainda mais controverso: a criação de um fundo para cobrir perdas e danos.

“Estamos preocupados”, disse ele, em entrevista coletiva junto com ministros da União Europeia (UE). “A UE preferiria não ter uma decisão a ter uma decisão ruim.”

De acordo com a agência de notícias Associated Press, a ministra do Meio Ambiente da Espanha, Teresa Ribera, afirmou que o país poderia deixar as negociações se um acordo “justo” não for firmado. “Nós podemos sair, com certeza”, disse. “Não seremos parte de um resultado que consideramos injusto e não efetivo para endereçar o problema com que estamos lidando, que são as mudanças climáticas e a necessidade de reduzir emissões.”

A presidência egípcia da COP27 recebeu críticas crescentes pela forma como conduzira as negociações. Diante disso, Sameh Shoukry, o presidente da COP27, se manifestou afirmando que o texto final deve manter viva a promessa de 1,5ºC.

EUA se posicionam

Os Estados Unidos (EUA) concordaram com a criação de um fundo para compensar os países pobres e em desenvolvimento pelos danos climáticos, revertendo décadas de oposição.

A mudança foi confirmada por um funcionário do governo Biden e significa que o país não mais bloqueará o fundo de “perdas e danos” (The New York Times*).

Mais um rascunho

Um novo rascunho de acordo foi divulgado neste sábado (19) na COP27.

De mais importante, há um chamado potencial para mudar o sistema financeiro global e uma proposta para um fundo de perdas e danos para países em desenvolvimento, preferencialmente os mais vulneráveis. Por outro lado, o texto não fala em redução no uso de “todos os combustíveis fósseis”.

O fundo de perdas e danos é considerado o tópico mais importante da COP27, mas também um dos mais difíceis de se resolver. As economias desenvolvidas – que são responsáveis pela maior parte das emissões de gases de efeito estufa – sempre resistiram às compensações por receio de que, ao realizar os pagamentos, ficariam expostas a processos judiciais, tanto a governos como a empresas.

China e EUA

A China e os EUA renovaram sua parceria para enfrentar a crise climática e estão trabalhando de forma próxima e produtiva em maneiras de reduzir as emissões de gases de efeito estufa, disse o chefe da delegação da China na COP27.

O enviado especial da China para mudanças climáticas, Xie Zhenhua, afirmou que ele e John Kerry , o enviado especial presidencial dos EUA para o clima, tiveram discussões “muito construtivas”. “Tivemos um diálogo próximo e ativo, que no geral foi muito construtivo. [Queremos] garantir o sucesso da Cop27 e trocar opiniões sobre nossas diferenças.” (The Guardian*)

Contudo, Xie reforçou que a China mantém seu posicionamento quanto as questões financeiras. A China afirma ser um país em desenvolvimento e, como tal, não teria a obrigação de fornecer assistência financeira às nações pobres (ou seja, não seria obrigada a dar dinheiro para o futuro fundo de perdas e danos).

“[Em um] fundo de perdas e danos, se houver algum fundo, a responsabilidade de fornecer fundos é dos países desenvolvidos”, disse Xie. “Essa é a responsabilidade e obrigação deles. Os países em desenvolvimento podem contribuir voluntariamente”.

Em busca de um acordo final

Após duas semanas de negociações, um acordo vital para o futuro da vida humana na Terra ainda não foi fechado.

A sessão plenária de encerramento da COP27 estava marcada para às 21h em Sharm el-Sheikh (16h em Brasília), mas esse horário vem sendo postergado ao longo do dia.

De acordo com o jornal britânico The Guardian, a sessão plenária agora é esperada por volta das 2h ou 3h, horário local.

Até o momento, a COP27 se tornou a quarta COP mais longa de todos os tempos … e o relógio não para.

A Conferência Internacional da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre as mudanças climáticas – COP27 – começou em 6 de novembro, no balneário egípcio de Sharm el-Sheikh. A COP é o grande evento anual da ONU cujo objetivo é discutir ações que visam o enfrentamento das mudanças climáticas. 

Leia também:


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Isabella Caminoto

Advogada e mestranda em Direito Internacional, tenho a democracia e a liberdade como bandeiras irrenunciáveis. Sou apaixonada pelos animais e acredito que o bem-estar do nosso planeta deveria ser o destaque diário da pauta da nossa sociedade.

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