Mais cedo, a presidência da COP27 anunciou que as negociações serão prorrogadas até sábado (19).
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Perdas e Danos
Nesta sexta (18), só se fala disso na COP27.
Perdas e danos são as consequências das mudanças climáticas quando não se consegue resistir ou se adaptar aos impactos que a mudança no clima causa nas atividades humanas e sistemas naturais. Perdas e danos são sofridos com mais intensidade pelas comunidades que já são mais vulnerabilizadas por questões sociais, geográficas e econômicas, tornando sua abordagem uma questão de justiça climática.
Depois não ser mencionado no rascunho de acordo publicado ontem (17), na madrugada desta sexta-feira (18), a União Europeia (UE) concordou com a criação do mecanismo de compensações financeiras para países mais pobres e mais vulneráveis ao clima por danos que eles já vêm sofrendo com as mudanças climáticas.
O vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, reconsiderou a posição do bloco e lançou uma proposta em nome da UE para um fundo de perdas e danos que seja voltado para apoiar “países mais vulneráveis”, com uma ampla base de doadores financeiros contribuindo, incluindo países em desenvolvimento, tais como a China.
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Na proposta de Timmermans, o fundo não funcionaria isoladamente, mas como parte de um mosaico de soluções que inclui a reforma dos bancos multilaterais de desenvolvimento, por exemplo. A UE também exige mais ambição no corte de emissões.
Sobre a origem do dinheiro para alimentar o fundo, a proposta do bloco europeu diz:
“Devemos trabalhar com o secretário-geral da ONU para buscar soluções para fontes inovadoras de financiamento – incluindo impostos sobre aviação, transporte marítimo e combustíveis fósseis”.
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A decisão da UE coloca uma pressão muito maior sobre a China, que até agora evitou qualquer obrigação de fornecer financiamento climático aos países mais pobres, apesar de ser o maior emissor mundial e a segunda maior economia do mundo.
A ação do bloco europeu também chama a atenção para os Estados Unidos (EUA), que se opuseram a criação do fundo e ainda não responderam à proposta.
Em uma rede social, o professor Simon Evans chamou a atenção para o fato de que os EUA têm a maior responsabilidade histórica pelas mudanças climáticas. Pelas contas do especialista, se as emissões chinesas de dióxido de carbono (CO2) permanecessem constantes, os EUA ainda teriam uma grande vantagem sobre a China em 2030.
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Novo rascunho
A agência climática das Nações Unidas publicou nesta sexta-feira (18) um novo rascunho do texto de negociação do acordo que os delegados da cúpula da COP27 esperam concluir nos próximos dias.
Divulgado antes do anúncio da UE, o texto se baseia em negociações anteriores menos formais e não estabeleceu uma solução para os acordos financeiros de “perdas e danos”. Em vez disso, de acordo com a Reuters (*), continha um texto de substituição, indicando que os delegados ainda estavam buscando um consenso sobre o assunto.
“Tenham um coração”
Uma ativista climática de Gana, de apenas 10 anos, falou nesta sexta (18) aos delegados reunidos na COP27, apelando para que eles “tenham um coração”.
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Nakeeyat Dramani falou ‘em nome dos jovens’ temerosos pelo futuro, que veem diariamente o impacto da crise climática, e no final de seu discurso recitou um poema, pedindo aos líderes que intensifiquem a luta contra a crise climática e, em seguida, ergueu uma placa com a inscrição ‘pagamento atrasado’, em referência aos fundos há muito prometidos pelos países desenvolvidos.
O discurso emocionou muitas pessoas que estavam presentes, que aplaudiram Nakeeyat de pé.
Sextas-feiras pelo futuro
Jovens ativistas fizerem nesta sexta (18) uma manifestação ao estilo do movimento Fridays For Future, marcando o último dia formal desta COP. Marchando por um dos pavilhões fora dos centros onde as negociações ainda estão ocorrendo, os jovens seguravam faixas com slogans como “Não apenas diga, pague!”
Menção desonrosa
O “prêmio” Fóssil do Ano – dado aos países que mais impediram o progresso nas negociações ou na implementação do Acordo de Paris – foi entregue nesta sexta-feira (18) aos Estados Unidos.
Brasil e Rússia, no entanto, ganharam uma menção honrosa (ou melhor, desonrosa) do prêmio.
“O Brasil também merece menção honrosa. Outro país que foi estranhamente mudo nessas negociações da COP27, mas passou os últimos quatro anos tentando destruir o Acordo de Paris enquanto violava os direitos humanos e ambientais. As políticas antiambientais do governo de saída de Bolsonaro fizeram o Brasil aumentar suas emissões por quatro anos consecutivos, um crescimento sem precedentes desde o início da medição em 1990. Isso se deve principalmente ao desmatamento da Amazônia, que está fora de controle e aumentou 73% na atual administração. Embora os ventos possam estar mudando no Brasil, não podemos ignorar os danos causados. Adeus e boa viagem a Bolsonaro e seu desastre climático”.
A escolha dos “vencedores” é feita pelos membros da Climate Action Network (CAN), rede com mais de 1,9 mil ONGs em todo o mundo que atuam no combate às mudanças climáticas.
A Conferência Internacional da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre as mudanças climáticas – COP27 – começou em 6 de novembro, no balneário egípcio de Sharm el-Sheikh. A COP é o grande evento anual da ONU cujo objetivo é discutir ações que visam o enfrentamento das mudanças climáticas.
Leia também:
(🚥): pode exigir registro e/ou assinatura
(🇬🇧): conteúdo em inglês
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