A pesquisa, publicada na revista Nature Human Behaviour, mostra que as consequências das altas temperaturas podem ser imediatas para os trabalhadores mais pobres.
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“Se fizer calor hoje, a insegurança alimentar pode chegar em poucos dias, porque as pessoas não podem trabalhar, não ganham dinheiro e, portanto, não têm os meios para comprar o que comer”, explicou à AFP a autora principal do estudo, Carolin Kroeger, da Universidade de Oxford.
A pesquisa demonstra, por exemplo, que uma semana de temperaturas extremas na Índia implica em oito milhões de pessoas a mais enfrentando insegurança alimentar aguda.
Desta forma, a mesma onda de calor pode provocar fome para milhões de pessoas, segundo resultados da análise em 150 países, sobretudo em zonas tropicais e subtropicais.
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As pessoas cujos pagamentos são por peça ou por rendimento são as mais vulneráveis.
O estudo cita o exemplo das mulheres de Bengala Ocidental (Índia) cujo salário depende de quantos tijolos por dia elas transportaram. Quando as temperaturas alcançam seus níveis máximos, podem perder até 50% de suas receitas.
“Os maiores efeitos ocorrem nos países de renda baixa, com mais empregos agrícolas e vulneráveis”, aponta Carolin Kroeger.
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Em 2021, 470 bilhões de horas de trabalho foram perdidas – o equivalente a quase uma semana e meia de trabalho por pessoa em todo o mundo – devido ao calor extremo.
Kroeger destaca que “os minisseguros e uma melhora nos direitos trabalhistas” poderiam melhorar essa situação.
Os pesquisadores também descobriram que o aumento das temperaturas afeta o nível dos nutrientes essenciais em muitas das plantações de alimentos.
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Segundo o Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre a Mudança Climática (IPCC) das Nações Unidas, centenas de milhões de pessoas sofrerão pelo menos 30 “dias de calor mortal” todos os anos até 2080.
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