Estudo aponta que poucos dias de calor bastam para colocar milhões em insegurança alimentar

Poucos dias de calor extremo podem ser suficientes para colocar milhões de pessoas em insegurança alimentar, privando-as de seus ganhos financeiros diários, advertiu um estudo publicado nesta segunda-feira (21).

A pesquisa, publicada na revista Nature Human Behaviour, mostra que as consequências das altas temperaturas podem ser imediatas para os trabalhadores mais pobres.

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“Se fizer calor hoje, a insegurança alimentar pode chegar em poucos dias, porque as pessoas não podem trabalhar, não ganham dinheiro e, portanto, não têm os meios para comprar o que comer”, explicou à AFP a autora principal do estudo, Carolin Kroeger, da Universidade de Oxford.

A pesquisa demonstra, por exemplo, que uma semana de temperaturas extremas na Índia implica em oito milhões de pessoas a mais enfrentando insegurança alimentar aguda.

Desta forma, a mesma onda de calor pode provocar fome para milhões de pessoas, segundo resultados da análise em 150 países, sobretudo em zonas tropicais e subtropicais.

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As pessoas cujos pagamentos são por peça ou por rendimento são as mais vulneráveis.

O estudo cita o exemplo das mulheres de Bengala Ocidental (Índia) cujo salário depende de quantos tijolos por dia elas transportaram. Quando as temperaturas alcançam seus níveis máximos, podem perder até 50% de suas receitas.

“Os maiores efeitos ocorrem nos países de renda baixa, com mais empregos agrícolas e vulneráveis”, aponta Carolin Kroeger.

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Em 2021, 470 bilhões de horas de trabalho foram perdidas – o equivalente a quase uma semana e meia de trabalho por pessoa em todo o mundo – devido ao calor extremo.

Kroeger destaca que “os minisseguros e uma melhora nos direitos trabalhistas” poderiam melhorar essa situação.

Os pesquisadores também descobriram que o aumento das temperaturas afeta o nível dos nutrientes essenciais em muitas das plantações de alimentos.

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Segundo o Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre a Mudança Climática (IPCC) das Nações Unidas, centenas de milhões de pessoas sofrerão pelo menos 30 “dias de calor mortal” todos os anos até 2080.

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