Indígenas denunciam tentativa de assassinato de líder de comunidade no Pará

Lúcio També, líder da aldeia Turé-Mariquita, no município de Tomé-Açu, no Pará, foi baleado na madrugada do último domingo (14) em uma espécie de emboscada. O cacique é pai de Paratê Tembé, outra liderança da região que tem denunciado ameaças de morte de setores ligados ao agronegócio.

As denúncias surgiram pelas redes sociais ainda no domingo (14). No Intagram, Paratê Tembé, filho de Lúcio Tembé, contou em um comunicado como o ataque teria acontecido:

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“Nesta madrugada (domingo), o Lúcio Tembé, cacique da aldeia Turé-Mariquita em Tomé-Açu, nordeste paraense, foi vítima de uma tentativa de homicídio quando voltava para a aldeia. Na ocasião, quando fazia o trajeto o veículo que o levava atolou e quando este desceu para desatolar, dois homens em uma moto se aproximaram e efetuaram alguns tiros que pegaram na região da sua cabeça”.

Segundo o post – que teve fotos dos ferimentos ocultadas na publicação (seguindo as normas do Instagram) – o cacique foi trnaferido para um hospital de Belém em estado grave.

“Suspeitamos que o cacique estava sendo monitorado pelos criminosos. O cacique é uma das principais lideranças do movimento indígena na região, e uma das pessoas que são ameaçadas de morte por sua atuação em favor do seu povo, contra grandes empresas do agronegócio que atuam de maneira predatória na região”, explica o post.

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 O site Congresso em Foco informou que o episódio envolvendo o cacique Lúcio Tembé se soma a uma série de atentados sofridos por indígenas, quilombolas e ribeirinhos, na região, cercada pelo dendê e disputada pela indústria de óleo de palma Brasil Biofuels (BBF), no Vale do Acará.

Ameaças e medo

“Eles atiraram no rosto do meu pai para matar. Não levaram nada. Foi um atentado”, disse Paratê ao Congresso em Foco.

Ainda de acordo com a reportagem, o cacique estava acompanhado de um sobrinho, que testemunhou a ação e socorreu o líder indígena. Ele ficou escondido na mata, com Lúcio Tembé, por mais de uma hora até que pudesse pedir socorro na estrada e encaminhá-lo ao hospital.

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O filho do cacique, Paratê Tembé, diz os povos originários da região vivem em contrate ameaça de setores ligados ao agronegócio. “Todos aqui sofremos ameaças de morte devido ao conflito agrário. Estamos todos com medo. Já houve várias tentativas frustradas de atentado que não se concretizaram por causa da nossa alta proteção. Mas não estamos seguros totalmente”, disse o indígena. “Vivemos uma tensão constante aqui”, publicou o Congresso em Foco.

Denúncia de tortura

No mês passado, Ministério Público do Pará (MPPA) pediu à justiça a prisão de Eduardo Schimmelpfeng da Costa Coelho, dono da BBF, produtora de óleo de palma na região, uma das maiores da América Latina. O pedido de prisão também se estende ao chefe de segurança da empresa no município, Walter Ferrari.

O caso já foi divulgado em reportagens locais:

A agência de notícias Amazônia Real informou que os denunciados pelo MP são apontados como mandantes de casos de tortura de 11 pessoas da comunidade tradicional, em outubro do ano passado, no Vale do Bucaia. Os indígenas foram espancados e mantidos sob cárcere eprivado por mais de sete horas, segundo a denúncia do MP.

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O que diz a BBF

A BBF chamou as denúncias de “calúnias envolvendo seus executivos” e repudiou a decisão do MP do Pará.

“Trata-se de uma narrativa fantasiosa, baseada em informações falsas relatadas por uma ex-funcionária e seu parceiro, também ex-funcionário, demitidos devido a condutas antiéticas e que buscam afetar a reputação e imagem da empresa”, afirmou a companhia em nota enviada à agência Amazônia Real.

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