É difícil para qualquer pessoa com menos de 40 anos se lembrar de uma época em que o acúmulo de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera ou os termos "efeito estufa", "aquecimento global", "mudança climática" e agora "crise climática", não estiveram no noticiário. Mas a informação sobre o perigo do acúmulo de CO2 na atmosfera viajou pela primeira vez ao redor do mundo há exatos 70 anos - completados neste mês.
Nós crescemos acostumados às fotos de incêndios florestais e animais cremados, às camadas de gelo se desfazendo no oceano, às promessas dos líderes mundiais de que atenderão ao aviso de “última chance” dos cientistas.
Mas foi no início de maio de 1953, em uma reunião da União Geofísica Americana, que o físico canadense Gilbert Plass disse aos demais cientistas reunidos que havia problemas:
O grande aumento da atividade industrial durante o presente século está descarregando tanto dióxido de carbono na atmosfera que a temperatura média está subindo a uma taxa de 1,5 grau por século.
O aviso de Plass “viralizou” e apareceu em jornais e revistas de todo o mundo, como na Newsweek em 18 de maio e na Time em 25 de maio.
O fato de o mundo estar aquecendo já era incontroverso entre os cientistas. Mas a conexão enfática do aquecimento global com o dióxido de carbono (CO2), feita por Plass, era digna de nota.
Plass continuou trabalhando na questão, com publicações até o final da década de 1950. Em 1956, ele publicou um artigo acadêmico sobre “ a teoria do dióxido de carbono da mudança climática ” na revista científica sueca Tellus, e também um artigo popular no American Scientist. Além de estar presente nas primeiras grandes reuniões para discutir o acúmulo de CO2 na atmosfera.
Quando Plass levantou pela primeira vez a questão, a concentração atmosférica de CO2 estava em cerca de 310 partes por milhão. Hoje, são 423 ou mais. Todos os anos, à medida que queimamos mais petróleo, carvão e gás, a concentração aumenta e mais calor é retido.
Quando o aviso de Plass tiver 100 anos, as concentrações serão muito maiores. Há uma chance muito boa de termos ultrapassado o nível de aquecimento de 2°C que costumava ser considerado “seguro”.
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