Ministros de cerca de 40 países se reuniram em Berlim esta semana para iniciar as negociações antes da cúpula do clima deste ano (COP28). Os governos estão divididos sobre se devem pedir a eliminação gradual dos combustíveis fósseis e o papel da captura de carbono na transição energética.
O chefe do setor petrolífero dos Emirados Árabes Unidos (EAU), que este ano preside as negociações climáticas da COP28, pediu nesta quarta-feira (10) para considerar “seriamente” as tecnologias de captura de CO2, sem focar exclusivamente na substituição das energias fósseis para combater o aquecimento global.
As fontes de energia renováveis, como solar e eólica, “não podem ser a única resposta”, especialmente na produção de aço, cimento e alumínio, cujas emissões de dióxido de carbono (CO2) são muito difíceis de reduzir, disse Sultan Al Jaber.
“Se realmente quisermos reduzir as emissões na indústria, temos que olhar seriamente para as tecnologias de captura de CO2”, acrescentou Al Jaber, presidente da Adnoc, a companhia petrolífera nacional dos Emirados, em entrevista coletiva em Abu Dhabi.
O executivo foi nomeado em janeiro para liderar os trabalhos da COP28, a conferência da ONU, que este ano será realizada neste rico país do Golfo, provocando a indignação de ONGs ambientalistas.
Os grandes exportadores de petróleo do Golfo, liderados por Arábia Saudita e Emirados, pedem mais atenção às tecnologias de captura e armazenamento de dióxido de carbono, principal emissor de gases do efeito estufa.
Mas muitos especialistas acreditam que essa tecnologia, ainda incipiente, é extremamente cara, sem resultados evidentes, e que não pode de forma alguma substituir as políticas ambientais que visam reduzir progressivamente o uso de hidrocarbonetos.
Esse debate promete ser um dos principais da COP28, que acontecerá em novembro e dezembro em Dubai, um empório global do consumo, da hiperclimatização e dos carros de luxo.
Os quase 200 países signatários do Acordo de Paris de 2015 se comprometeram a reduzir as emissões de gases de efeito estufa para conter o aquecimento global “muito abaixo dos 2ºC” e, se possível, limitá-lo a 1,5ºC.
Mas o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) alertou em março que o aquecimento global causado pela atividade humana pode chegar a 1,5ºC em comparação com a era pré-industrial já entre 2030 e 2035.
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