Em uma entrevista à AFP, Celeste Saulo, que comanda o Serviço Meteorológico Nacional da Argentina desde 2014, expressou grande preocupação com o fato de que alguns países não compreendem os efeitos de emitir mais gases do efeito estufa.
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Mas a próxima líder da Organização Meteorológica Mundial insistiu que não é muito tarde para mudar o combate à crise climática.
“Não temos plano B”, declarou a argentina, 59 anos, que será a primeira mulher a comandar a OMM a partir de janeiro de 2024.
“Vamos ficar esperando um fim dramático ou vamos lutar por nossos filhos e nosso futuro? Vamos lutar. Tenho certeza disso e vou fazer isso”, disse.
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A professora argentina afirmou que não faz sentido esperar uma solução “milagrosa” que detenha e reverta as mudanças climáticas. “Nós somos a resposta”, disse.
“Com paixão, amor, acordos e compromisso. É a única maneira. Não podemos ver isto como um filme, estamos no filme e podemos modificá-lo. É o nosso papel. É um dever”.
Objetivos globais, ações locais
Celeste Saulo foi eleita por ampla maioria na quinta-feira (1) como sucessora do finlandês Petteri Taalas, que está no fim do segundo mandato de quatro anos à frente da agência da ONU.
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A argentina conquistou a maioria de dois terços necessárias no primeiro turno, com 108 votos, contra 37, sete e quatro votos para os outros três candidatos.
Ela afirmou que ficou “em choque” com o nível de apoio, mas destacou que envia uma mensagem clara sobre “a necessidade de mudança” e novas ideias na OMM.
“Estamos diante de uma crise global enorme que é a combinação de mudança climática e inatividade”, declarou, antes de defender ações para reforçar a coordenação e a inovação na organização.
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A OMM compila o trabalho das agências meteorológicas nacionais para monitorar a evolução dos gases do efeito estufa, o nível do mar, as temperaturas, o derretimento das geleiras e outros indicadores climáticos.
Celeste destacou que sua prioridade será aplicar o trabalho em campo e citou como exemplo os planos da OMM para que todo o planeta tenha sistemas de alerta de última geração para catástrofes meteorológicas.
“Você precisa ter objetivos globais, mas ações locais”, afirmou.
No final, “a implementação é sobre as pessoas. E as pessoas têm seu ambiente, sua cultura, suas necessidades, oportunidades e seus sonhos. E temos que trabalhar para elas”.
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Ela prometeu dar voz aos países mais vulneráveis às condições meteorológicas extremas agravadas pelas mudanças climáticas.
“Na OMM, nos preocupamos com o que acontece com o mundo menos desenvolvido e com os pequenos países insulares. O problema é que não temos programas específicos para abordar suas necessidades”, disse.
A argentina também criticou os países com alto nível de responsabilidade no aquecimento global que não compreendem o problema da mudança climática.
“Estou realmente preocupada com isto. E farei o máximo nesta organização para tentar convencer estes países que devem fazer uma mudança verdadeira para assumir compromissos”, disse.
Os cientistas estão enviando “uma mensagem tão clara: ‘parem com isso’. E estou muito preocupada porque não estamos entendendo esta mensagem”, explicou.
Ao mesmo tempo, ela fez uma autocrítica e disse que OMM deve usar uma linguagem mais simples para divulgar sua mensagem.
Apesar das dificuldades, a argentina expressa otimismo.
“Temos pessoas jovens. Temos pessoas que desejam mudar as coisas”.
“Sou otimista porque podemos começar com ações pequenas, demonstrar resultados e, trabalhando juntos, vamos conseguir”.
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