A agência climática da Organização das Nações Unidas (ONU) publicou, nesta quinta-feira (17), um primeiro rascunho do que poderia ser o acordo abrangente da Cúpula do Clima (COP27) no Egito. No entanto, grande parte do texto provavelmente será alterado nos próximos dias. As primeiras impressões causaram burburinho em torno de temas importantes.
O documento (🇬🇧) de 20 páginas repete a meta do pacto climático de Glasgow, de 2021, de “acelerar as medidas para a redução da energia a carvão, eliminar gradualmente e racionalizar subsídios aos combustíveis fósseis”. Vale ressaltar que o acordo do ano passado foi o primeiro na história de uma COP a citar os combustíveis fósseis e o carvão como parte da crise climática.
Este ano, eram esperados avanços nesta área, com um texto que indicasse a necessidade de uma redução gradual de todos os combustíveis fósseis, e não apenas do carvão – como foi sugerido pela Índia, União Europeia e Estados Unidos. No entanto, ao menos no texto preliminar, isso não aconteceu.
O documento também deixou de fora detalhes do lançamento de um fundo para perdas e danos, uma demanda importante dos países mais vulneráveis ao clima, como as nações insulares. Em vez disso, “saúda” o fato de que as partes concordaram pela primeira vez em incluir “assuntos relacionados a acordos de financiamento em resposta a perdas e danos” na agenda da Cúpula.
Da mesma forma, não cita um cronograma para decidir se é melhor criar um fundo separado ou como deve ele ser.
Quanto à meta de um aquecimento global de até 1,5ºC, o rascunho “enfatiza a importância de exercer todos os esforços em todos os níveis para atingir a meta de temperatura do Acordo de Paris de manter o aumento da temperatura média global bem abaixo de 2°C acima dos níveis pré-industriais e buscar esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima níveis pré-industriais”.
Ao jornal britânico The Guardian (*), Yeb Saño, do Greenpeace Internacional, refletiu a frustração geral, dizendo: “A presidência do Cop27 pisa fundo na estrada para o inferno climático.
“Depois de inicialmente não mencionar os combustíveis fósseis, o rascunho do texto é uma abdicação da responsabilidade de capturar a urgência expressa por muitos países de ver todo o petróleo e gás adicionados ao carvão por pelo menos uma fase de redução. É hora de acabar com a negação, a era do combustível fóssil deve chegar a um fim rápido”.
A Conferência Internacional da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre as mudanças climáticas – COP27 – começou no último domingo (6), no balneário egípcio de Sharm el-Sheikh. A COP é o grande evento anual da ONU cujo objetivo é discutir ações que visam o enfrentamento das mudanças climáticas.
Leia também:
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