Veja os destaques do Curto Verde desta quinta-feira (13): relatório aponta que o planeta perdeu 69% da fauna em menos de 50 anos, entre os animais com os maiores declínios populacionais no Brasil estão os botos amazônicos e as onças; cientistas revelaram ter encontrado microplásticos no leite materno pela primeira vez; o grupo Arezzo &Co quer rastrear o couro dos seus sapatos, para garantir que a matéria-prima não contribui para o desmatamento; e como as mudanças climáticas devem afetar as finanças da América Latina.
Entre 1970 e 2018, o planeta perdeu 69% na abundância relativa de populações de vida selvagem monitoradas em todo o mundo.
Em 2014, esse índice era de 50%. Conforme o 14º Relatório Planeta Vivo (14º Living Planet Report), feito bianualmente pela WWF, em parceria com a Sociedade Zoológica de Londres, trata-se de uma dupla emergência que coloca em risco o futuro dos humanos: a perda de biodiversidade e as mudanças climáticas.
A alteração na utilização dos solos é a maior ameaça atual para a natureza, segundo o estudo, divulgado nesta quarta-feira (12). Isso ocorre com a destruição e a fragmentação dos habitats naturais de espécies vegetais e animais em terra, em água doce e no mar.
A nova edição do levantamento revela que a América Latina teve o maior declínio regional (94%), enquanto as populações de espécies de água doce registraram o maior declínio global (83%).
No Brasil, entre os animais com os maiores declínios populacionais estão o boto amazônico. Também estão na lista as onças, o gato-palheiro, os corais, o lagarto papa-vento da Bahia, e o tatu-bola.
O relatório indica que os principais fatores do declínio das populações de vertebrados em todo o mundo são a degradação e perda de habitat, exploração, introdução de espécies invasoras, poluição, mudanças climáticas e doenças. Vários desses fatores desempenharam um papel na redução média de 66% das populações da África, bem como na queda de 55% das populações da Ásia e região do Pacífico.
Os dados são resultado do uso de técnicas de análise de mapeamento para construir uma imagem abrangente da velocidade, da escala das mudanças na biodiversidade e no clima e suas consequências. O Índice Planeta Vivo, dessa forma, atua como um indicador de alerta precoce, acompanhando as tendências na abundância de mamíferos, peixes, répteis, pássaros e anfíbios em todo o mundo.
“Se não conseguirmos controlar o aquecimento para que ele não passe de 1,5°C, as mudanças climáticas provavelmente se tornarão a causa principal da perda de biodiversidade nas próximas décadas”, aponta o documento.
O relatório da WWF aponta que os impactos recaem de forma desproporcional sobre as populações mais pobres. E também mostra estudos da América Latina – e especificamente da Amazônia – que dão suporte às causas do declínio das espécies, como as taxas de desmate em crescimento.
“Já perdemos 17% da extensão original da floresta (Amazônica), e mais 17% foram degradados. A pesquisa mais recente indica que estamos nos aproximando rapidamente de um ponto de inflexão, que é o momento em que nossa maior floresta tropical perderá suas capacidades”, diz a pesquisa.
Os dados do relatório reforçam as estatísticas da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), ligada à ONU, que mostram que quase um milhão de espécies animais e vegetais estão ameaçadas de extinção no planeta. Parte delas se encontra em um nível de perigo nunca antes visto na história humana.
Em dezembro, o Canadá receberá a 15ª Conferência da Biodiversidade da ONU. A expectativa é um novo Marco Global seja construído durante a reunião. Conforme o relatório da WWF, os sinais não são bons. “As discussões até agora estão presas no pensamento do velho mundo e nas posições inflexíveis, sem nenhum sinal da ação ousada necessária para alcançar um futuro positivo para a natureza”, afirma o documento.
Cientistas revelaram ter encontrado microplásticos no leite materno, de acordo com um estudo publicado na revista Polymers (🇬🇧) em junho deste ano. A descoberta ocorreu em 75% das amostras retiradas de 34 mães saudáveis, uma semana depois de darem à luz aos bebês, em Roma, na Itália.
Segundo reportagem do jornal britânico The Guardian (*), os pesquisadores aconselham as mulheres grávidas a evitar alimentos e bebidas embalados em plástico, cosméticos e cremes dentais contendo microplásticos.
O grupo Arezzo &Co – um dos maiores fabricantes de sapatos do Brasil – quer chegar à origem da sua principal matéria-prima, o couro, para garantir que ela não está associada ao desmatamento.
De acordo com informação do portal Reset, a companhia – que além da marca que leva o seu nome é dona de Schutz, Anacapri, Alexandre Birman, Fiever, Alme e MyShoes, além da distribuição da Vans no Brasil – se comprometeu a ter a rastreabilidade completa da cadeia até 2024.
Através do uso da tecnologia blockchain, o movimento de procedência da matéria-prima vem ganhando força dentro da indústria da moda. No estrato de luxo, grandes marcas como Gucci e Hermes compram curtumes para verticalizar e ter controle sobre a origem do insumo.
Blockchain é um grande banco de dados compartilhado que registra as transações dos usuários. A primeira aplicação da tecnologia foi proposta junto com o Bitcoin (BTC), em 2008, e continua sendo um dos pilares da primeira criptomoeda do mundo. Com o tempo, no entanto, também tomou vida própria e começou a andar sozinha, explorando outros mercados. (InfoMoney)
Os países da América Latina e do Caribe estão enfrentando graves crises socioeconômicas decorrentes de secas severas e eventos como chuvas intensas. O aumento da frequência e da intensidade desses eventos climáticos extremos pode colocar em risco o saldo fiscal – a diferença entre a arrecadação e os gastos públicos – dessas nações.
Assim, elas podem ter dificuldade para tomar novos empréstimos que ajudem a gerenciar as consequências de futuros desastres naturais, avalia Graham Watkins, chefe da divisão de mudanças climáticas do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Segundo Watkins, o número de desastres naturais na região triplicou em 50 anos e os eventos já geraram um custo em torno de US$ 3 bilhões anuais. (Agência FAPESP)
(com Estadão Conteúdo)
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