Por que não temos mais tanto medo da crise climática? Já nos acostumamos com ela?

Milhões de pessoas estão experimentando os intensos efeitos da crise climática. A “cúpula de calor” se espalhou pelos EUA, causando enchentes catastróficas que ceifaram vidas e destruíram as plantações dos agricultores. No entanto, apesar do fato de estarem vivendo um desastre climático, a maioria dos americanos não se encolhe de medo ao pensar sobre o futuro de nosso planeta. Há uma razão psicológica para isso.

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Isabella Caminoto

Por um lado, a crise climática é uma prioridade muito menor para os americanos do que outras questões nacionais, como economia e custos de saúde. Mas isso não quer dizer que eles não estão preocupados: dois terços dos americanos dizem que estão pelo menos “um pouco preocupados” com o aquecimento global, enquanto 30% estão “muito preocupados”, de acordo com uma pesquisa da Universidade de Yale.

Contudo, devido à natureza da maneira como muitos humanos experimentam o medo, é difícil conectar essa emoção a algo tão vasto e complexo quanto a crise climática. De acordo com Brian Lickel, um psicólogo social que pesquisa as respostas humanas às ameaças, não fomos projetados para permanecer em um estado de medo por muito tempo. 

“Uma característica muito fundamental do tipo normal de processamento emocional esperado é a adaptação hedônica”, disse ele. “Nosso sistema emocional é projetado para ser instável, para subir ou ter certas respostas, mas não ficar lá.”

A resposta emocional à crise climática – mesmo que sintamos medo durante um episódio de incêndio florestal ou inundação – é semelhante ao que muitas pessoas que vivem em zonas de guerra podem experimentar, disse Lickel. Embora, a princípio, a ameaça de bombas e ataques seja iminente e extremamente assustadora, eventualmente aqueles que permanecem nessas áreas se adaptam um pouco a uma vida em que a ameaça se torna apenas mais uma coisa para lidar diariamente. 

Reprodução/Unsplash

Embora a crise climática esteja alterando nosso planeta rapidamente em uma escala de tempo geológico, em uma escala humana, as mudanças estão acontecendo de forma relativamente lenta. Isso significa que, mesmo que vejamos temperaturas recordes, essas ocorrências se tornarão um novo normal dentro do período de nossas vidas. “Sou cético de que haverá um evento que irá nos catalisar mais do que qualquer uma das coisas que já aconteceram”, disse Lickel.

O especialista afirma que é importante cuidar da nossa própria saúde mental enquanto passamos por esses tempos assustadores. Uma maneira de fazer isso – se você estiver preocupado com a crise climática – pode ser descobrir mudanças de vida que você pode fazer que sejam boas para você e para o planeta.

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Isabella Caminoto

Advogada e mestranda em Direito Internacional, tenho a democracia e a liberdade como bandeiras irrenunciáveis. Sou apaixonada pelos animais e acredito que o bem-estar do nosso planeta deveria ser o destaque diário da pauta da nossa sociedade.

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