Veja os destaques do Curto Verde desta sexta-feira (7): Desmatamento na Amazônia brasileira registra recorde em setembro - 1.455 km² - o equivalente ao tamanho da cidade de São Paulo; relatório do IBGE aponta que a perda de campos e florestas no Brasil em 20 anos equivale a 6% do território; estudo aponta que a mudança climática impulsionou as altas temperaturas no verão deste ano do Hemisfério Norte; e a Chamada Floresta+Amazônia está com as inscrições abertas, a iniciativa busca fortalecer e apoiar empreendimentos que contribuam para a criação e consolidação de serviços ambientais que promovam a conservação, recuperação e o uso sustentável da vegetação nativa.
Dados do sistema Deter, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados nesta sexta-feira (7), revelam que setembro registrou a maior área com alertas de desmatamento da série histórica para o mês, faltando dois dias para o 1º turno das eleições.
Em comparação a 2021 (985 km²), setembro de 2022 registrou 1.455 km² – equivalente ao tamanho da cidade de São Paulo – uma alta de 48%.
O registrado passou os números de setembro de 2019, quando a área com alertas atingiu 1.454 km². A destruição se concentrou no estado do Pará (36%), seguido de Mato Grosso (23%), Amazonas (20%) e Rondônia (11%). No acumulado entre janeiro e setembro de 2022, houve também recorde da série histórica: uma área total de 8.590 km², tendo em primeiro lugar o Pará com 33%, seguido do Amazonas com 27%.
As últimas duas décadas foram marcadas pelo avanço da fronteira agrícola e áreas de pastagens sobre florestas e campos naturais brasileiros, como o Cerrado.
Somados os desmatamentos florestais e vegetações campestres nativas, o Brasil perdeu 513,1 mil quilômetros quadrados dessas áreas verdes de 2000 a 2020, o equivalente a 6% do território do País ou o tamanho de quatro Estados juntos: São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Sergipe.
A perda de área verde, sobretudo na Floresta Amazônica, é a principal origem das emissões de gases de efeito estufa do País. Por causa disso, o Brasil tem sofrido pressão estrangeira para reduzir o desmate e evitar a aceleração do aquecimento global – cientistas alertam que o prazo para evitar uma catástrofe climática está se esgotando.
Só nos últimos dois anos investigados (2019 e 2020), foram perdidos 23.368 km² de campos e florestas naturais, área maior que a do Estado de Sergipe. Do total, foram desmatados 13.527 km² de florestas no biênio: 60,8% disso viraram um mosaico de ocupações em área florestal e outros 39,2% viraram pastagem com manejo. Já da vegetação campestre, que inclui o Cerrado, quase a totalidade foi destinada para o cultivo agrícola e pastagens.
Os dados fazem parte dos levantamentos Contas Econômicas Ambientais da Terra e Monitoramento da Cobertura e Uso da Terra do Brasil. Esses números foram divulgados nesta sexta-feira (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Quem ganhou terreno no País foi a agricultura e a pecuária: a área agrícola cresceu 50,1% em duas décadas, 229,9 mil km² a mais, enquanto as áreas de pastagens com manejo tiveram uma expansão de 27,9% – 247 mil km² a mais. A silvicultura (florestas plantadas para abastecer a produção de celulose e madeira) cresceu 71,4% – 36 mil km² a mais. Dados regionais – que usam imagens de satélite, entre outras fontes – mostram que a Amazônia e o Cerrado foram os mais afetados pelo desmatamento.
“Geralmente a floresta é derrubada, é implantado o pasto com manejo, e depois que o pasto com manejo está mais estabilizado, vem a agricultura. Porque é um custo muito alto derrubar a floresta e colocar já a agricultura”, explica Fernando Dias, gerente do Monitoramento e de Pesquisa da Terra do IBGE.
“Nesses 20 anos foi possível observar isso, essa dinâmica de conversão da vegetação nativa em pastagem, e da pastagem para a agricultura”, complementa Ivone Batista, gerente de Contas e Estatísticas Ambientais do IBGE. “A retirada da floresta é mais custosa.”
Acesse o portal do IBGE e confira os dados completos e demais conclusões do levantamento.
Um estudo da Word Weather Attribution (WWA) apontou que a mudança climática impulsionou as altas temperaturas no verão deste ano do Hemisfério Norte.
O levantamento revelou que essas mudanças – causadas pelo crescente desmatamento – tornam a condição de seca 20 vezes mais provável, além de ameaçar a segurança alimentar e energética da região.
A Europa registrou cerca de 24 mil mortes relacionadas às ondas de calor do verão deste ano, considerado um dos mais quentes da história. Além disso, a região enfrenta a seca extrema, escassez hídrica e incêndios, que foram os piores já registrados no continente.
A Chamada busca negócios para participarem do Programa Floresta+ Aceleração, que tem como objetivo fortalecer e apoiar empreendimentos de impacto socioambiental que contribuam para a criação e consolidação do mercado de serviços ambientais e para outras abordagens que promovam a conservação, recuperação e o uso sustentável da vegetação nativa, bem como para geração de renda para os provedores de serviços ambientais, fortalecendo o ecossistema de impacto da região Amazônica.
A iniciativa é promovida pelo Ministério do Meio Ambiente e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) com apoio do Green Climate Fund (GCF), e tem como parceiros executores Idesam, AMAZ e Sense-Lab.
As inscrições da Chamada de Negócios estão abertas do dia 4 ao dia 31 de outubro. O regulamento completo e o formulário de candidatura podem ser acessados no site oficial da iniciativa.
Podem se inscrever empreendedores individuais, negócios de base comunitária, cooperativas e associações de produtores e de extrativistas, Organizações da Sociedade Civil (OSCs), Organizações Não Governamentais (ONGs) e empresas em estágio avançado de desenvolvimento dos negócios, em que os produtos e/ou serviços estejam testados no mercado e prontos para ganhar escala.
A organização ou negócio deve estar localizado nos Estados da Amazônia Legal ou ter atuação na região, ser voltado à conservação da floresta, da biodiversidade e ao desenvolvimento socioambiental, e não pode ter objetivos políticos partidários.
Além disso, busca-se que ao menos 40% das iniciativas contempladas devem ser lideradas por mulheres, ter acima de 50% delas em sua equipe ou ter mulheres como principais beneficiárias finais.
Serão aceitas iniciativas que se encaixem em uma ou mais temáticas a seguir:
(com Estadão Conteúdo)
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