No encontro reúnem-se países com interesses divergentes, ONGs e também empresas dos setor plástico, para o desgosto dos ativistas ambientais, que também estarão presentes nos debates.
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O pontapé inicial foi dado na manhã desta segunda-feira (29) pelo presidente da comissão, o peruano Gustavo Meza-Cuadra Velásquez.
“O mundo está nos observando”, disse ele. “O desafio é enorme, todos nós sabemos disso aqui, mas não é intransponível”, afirmou.
Há pouco mais de um ano, em Nairóbi (Quênia), foi alcançado um acordo de princípio para acabar com a poluição com plásticos no mundo, com a ambição de desenvolver, até o final de 2024, um tratado juridicamente vinculativo sob a égide das Nações Unidas.
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Um grupo de ministros e representantes de cerca de 60 países se reuniu em Paris no sábado para dar impulso às negociações.
As negotiations are underway in Paris for a legally binding agreement to #BeatPlasticPollution, find out about the #PlasticsTreaty process.
— UN Environment Programme (@UNEP) May 29, 2023
“Bomba-relógio”
O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu em um vídeo exibido na abertura da reunião nesta segunda-feira para “acabar com um modelo globalizado e insustentável” de produção e consumo de plástico, alertando para uma “bomba-relógio”.
Os desafios são grandes, já que a produção anual mais que dobrou em 20 anos, atingindo 460 milhões de toneladas (Mt). Ainda pode triplicar até 2060 se nada for feito.
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No entanto, dois terços dessa produção global têm uma vida útil curta e são descartados após apenas um ou poucos usos; 22% são abandonados (lixões, incineração ao ar livre ou descarga na natureza) e menos de 10% são reciclados.
“O objetivo principal deve ser reduzir a produção de novos plásticos e banir o quanto antes os produtos mais poluentes – como os plásticos descartáveis – e os mais perigosos para a saúde”, destacou Macron.
“Há um consenso sobre o que está em jogo e há uma vontade de agir”, afirmou à AFP Diane Beaumenay-Joannet, da ONG Surfrider Foundation. Ela disse estar “muito otimista com o fato de estarmos avançando em um projeto de tratado”, mas acredita que “sobre o conteúdo preciso das obrigações, será complicado, principalmente em relação à redução da produção”.
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Reticências
A favor da redução, uma coalizão de países, liderada por Ruanda e Noruega, inclui, entre outros, a União Europeia (UE), o Canadá e vários países da América Latina, como México, Peru e Chile. Seu objetivo é acabar com a poluição plástica até 2040.
Mas há resistência de outros países, que dão maior ênfase à reciclagem ou à melhor gestão de resíduos, como China, Estados Unidos, Arábia Saudita e em geral os países da Opep, que buscam proteger sua indústria petroquímica.
O plástico, derivado do petróleo, é um material onipresente na vida cotidiana. Está em embalagens, fibras de roupas, material de construção e instrumentos médicos.
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Os resíduos vão parar nos oceanos, nas calotas polares, no estômago das aves e até no topo das montanhas. Microplásticos também foram detectados no sangue, leite materno e em placentas.
“Os países desenvolvidos são os maiores consumidores e os que mais poluem. Eles produzem em outros países e enviam seus resíduos de volta para outros países”, aponta Diane Beaumenay-Joannet.
Outra questão no problema da poluição com plástico é seu papel no aquecimento global: em 2019 o problema gerou 1,8 bilhão de toneladas de gases de efeito estufa, ou seja, 3,4% das emissões globais, número que pode dobrar até 2060, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
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