Repensando o descarte da água
As conclusões são do novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), lançado nesta quarta-feira (23) durante a Semana Mundial da Água.
PUBLICIDADE
Em meio à escassez do recurso, o estudo “Águas Residuais – Transformando problemas em soluções” recomenda que governos e empresas tratem as águas residuais como uma oportunidade de economia circular, em vez de um problema a ser eliminado.
O Pnuma afirma que existem múltiplos benefícios na recolha, tratamento e reutilização eficaz dos esgotos, incluindo novos empregos e fontes de receitas.
Segundo a publicação, apenas 11% das águas residuais tratadas do mundo são reutilizadas e metade é despejada em rios, lagos e mares.
PUBLICIDADE
Para concretizar com segurança o potencial das águas residuais como um recurso valioso, o relatório recomenda a redução do volume de esgoto produzido, a prevenção e redução da contaminação, bem como a implementação de maneiras de capturar o que pode ser reutilizado de forma segura.
Contaminação dos ecossistemas
A agência ambiental da ONU destaca que a crise hídrica global é agravada pelas águas residuais, provenientes de cozinhas, casas de banho e sanitários, efluentes industriais, efluentes agrícolas, águas pluviais e escoamento urbano.
Os produtos químicos e o excesso de nutrientes nas águas residuais degradam os ecossistemas, incluindo o solo, as fontes de água doce e os oceanos, contribuindo para a insegurança alimentar e outros problemas sociais.
PUBLICIDADE
Através da libertação de potentes gases com efeito de estufa, como o metano e o óxido nitroso, as águas residuais são responsáveis por cerca de 1,57% das emissões globais, um pouco abaixo dos danos climáticos causados pela indústria da aviação global.
Soluções
No entanto, o Pnuma aponta que as águas residuais podem tornar-se uma solução climática: ao gerarem biogás, calor e eletricidade. Elas têm potencial de gerar cerca de cinco vezes mais energia do que a necessária para o seu tratamento.
O volume seria suficiente para fornecer eletricidade a cerca de 500 milhões de pessoas por ano.
PUBLICIDADE
O Pnuma explica que a reutilização de azoto, fósforo e potássio das águas residuais também ajudaria a reduzir a dependência de fertilizantes sintéticos, compensando 13,4% da procura global de nutrientes agrícolas.
Ao reduzir a insegurança hídrica, a boa gestão das águas residuais também pode apoiar os esforços dos países para se adaptarem às alterações climáticas.
As águas residuais, quando bem aproveitadas, também têm potencial para irrigar cerca de 40 milhões de hectares – uma área quase igual ao tamanho do Paraguai.
PUBLICIDADE
Escassez e tratamento de água
O relatório faz um alerta para a urgência em lidar com a situação, já que uma em cada quatro pessoas não possuem acesso a serviços regulares de abastecimento ou água potável. Mais de 1,7 bilhão de pessoas vivem em áreas sem saneamento básico.
O documento aponta que a falta de serviços afeta principalmente grupos vulneráveis, incluindo mulheres e meninas. Elas passam horas todos os dias buscando água, o que reduz as suas oportunidades de atividades produtivas ou educação.
Segundo o levantamento, meio bilhão de pessoas praticam defecação a céu aberto e um terço da população mundial vive em regiões com escassez de água.
A estimativa é que a falta de água desloque até 700 milhões de pessoas até 2030.
(Com ONU News)
Leia também: