Lideranças indígenas de todo o país fizeram uma peregrinação à Brasília nesta quarta (7) para alertar os ministros do Supremo e tentar convencê-los a barrar a tese do marco temporal para a demarcação de terras indígenas.
PUBLICIDADE
Segundo a tese, os povos originários só poderiam reivindicar a posse de áreas que já estivessem ocupando na data de promulgação da Constituição de 1988. Ambientalistas afirmam que a regra abriria portas para um desmatamento ainda maior das florestas que hoje são protegidas por indígenas.
E como deve seguir a questão no STF?
Os pedidos de vista no Supremo, atualmente, precisam seguir um rito de no máximo 90 dias, portanto o tema deve ser retomado em setembro, mês em que a ministra Rosa Weber se aposenta. Ela tem se mostrado contrária ao marco.
Segundo o portal UOL, Rosa Weber relembrou pediu a André Mendonça que devolva o processo antes de sua saída. Para ela, o tema é de imensa sensibilidade e “toda reflexão se mostra oportuna”. Mendonça teria concordado.
PUBLICIDADE
Campanha contra o marco temporal
Artistas, músicos, ativistas pelo meio ambiente e autoridades também encamparam manifestações e atos em repúdio ao marco temporal para delimitação de terras indígenas. Em São Paulo, Daniela Mercury e Zélia Duncan, participaram de um grande protesto “musicado” em frente ao Teatro Municipal.
Nas redes sociais, um coletivo de artistas descendentes asiáticos no Brasil, formado pela atriz Jaqueline Sato, defendeu o direito de indígenas ocuparem as terras de seus ancestrais independentemente de qualquer data.
“Enquanto amarelos, devemos nos posicionar na luta antirracista, e isso inclui diretamente defender os direitos indígenas”, afirma a atriz Ligia Yamagutti, que integra a campanha “Marco Temporão Não”.
PUBLICIDADE
Hoje na escadaria do Teatro Municipal de São Paulo cantando juntos contra o Marco Temporal ! @STF_oficial @zeliaduncan @djzepedro #danielamercury @caetanoveloso #MarcoTemporalNão!@comissaoarns pic.twitter.com/eScF7OrqcX
— Daniela Mercury 🎤🌹🌈👑 (@danielamercury) June 7, 2023
Manifestações indígenas
“Estão querendo tirar nossos direitos constitucionais, querem acabar com nossas terras, invadir nossos territórios”, disse à Jailda Teixeira Braga, da terra indígena Barata/Livramento, no estado de Roraima. Ela faz parte dos centenas de indígenas que peregrinaram até a capital federal para acompanhar o julgamento.
Os indígenas consideram que a Constituição reconhece seus direitos sem prever qualquer “marco temporal” e afirmam que em muitos períodos foram deslocados de seus territórios, especialmente durante a ditadura militar (1964-1985), o que tornaria impossível determinar sua presença em 1988.
Segundo a ONG Instituto Socioambiental, quase um terço das mais de 700 reservas indígenas já demarcadas no Brasil – a maioria na Amazônia – pode ser afetado se o marco for aceito.
PUBLICIDADE
Walter de Oliveira, líder do povo macuxi da reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, acredita que, se prevalecer a tese do marco temporal, “as invasões de madeireiros, garimpeiros, grileiros de terra e agricultores” nas terras indígenas aumentarão ainda mais, inclusive nas áreas já demarcadas.
(Com AFP)
Leia também: