O artista alemão Boris Eldagsen recusou receber o prêmio por uma imagem feita por ele com auxílio de Inteligência Artificial, inscrita no prêmio "Sony World Photography Award" - um dos mais prestigiados no mundo. A "obra" ganhou o prêmio de melhor foto na categoria "criatividade aberta". O próprio artista que é fotógrafo mas trabalha hoje com imagens virtuais admitiu ter inscrito a imagem para ver se premiações "estariam preparadas para a entrada de imagens de IA. E não estão", disse ele.
Em meio ao debate em relação ao o avanço das Inteligências Artificiais e possível domínio sobre as atividades humanas, os fóruns artísticos debatem a ousadia de Boris Eldagsen ao “testar” a importante premiação e levantar um debate importante.
“Nós, o mundo da fotografia, precisamos de uma discussão aberta. Uma discussão sobre o que queremos considerar fotografia e o que não. O guarda-chuva da fotografia é grande o suficiente para convidar imagens de IA a entrar – ou isso seria um erro? Com minha recusa ao prêmio, espero acelerar esse debate”, escreveu Boris Eldagsen em seu site e nas suas redes sociais.
O artista tem feito várias publicações no Instagram em seu site, explicando porque concorreu ao prêmio com a imagem e porque decidiu não aceitar o valor em dinheiro:
“Obrigado por selecionar minha imagem e tornar este momento histórico, pois é a primeira imagem gerada por IA a vencer em uma prestigiosa competição internacional de fotografia”, escreveu ele . “Quantos de vocês sabiam ou suspeitavam que era gerado por IA? Algo sobre isso não parece certo, não é? Imagens e fotografia de IA não devem competir entre si em um prêmio como este. São entidades diferentes. IA não é fotografia. Portanto, não aceitarei o prêmio.”
O artista também postou em sua conta, na rede social, reportagens em que a imagem que ele criou com IA aparece entre os premiados:
Após ter rejeitado o prêmio e surpreendido a classe artística com a revelação, ele explicou que a obra foi retirada do site da SWFA e da exposição em Londres:
“Fui à exposição SWPA que abriu hoje na Somerset House em Londres. Minha foto também sumiu do show. Ainda não há declaração oficial [da SWFA] . Nenhuma tentativa de entrar em contato comigo. Nem pessoalmente na cerimônia de premiação, nem por e-mail ou telefone”, escreveu. “Tendo sido fotógrafo por 30 anos antes de me voltar para a IA, entendo os prós e os contras desse debate e ficarei feliz em participar da conversa.”
Em uma entrevista ao site especializado em arte “Riding the Dragon”, Eldagsen explicou que enviou vários materiais aos selecionadores do prêmio deixando claro que sua obra – não apenas a premiada, mas várias outras – era feitas com IA. No entanto, a premiação não achou importante informar ao público e aos demais concorrentes que não se tratava de uma fotografia.
“Eles poderiam ter usado isso para tantas relações públicas positivas. Eles poderiam ter usado isso a seu favor, e não o fizeram”, concluiu.
@curtonews Artista alemão rejeita prêmio por imagem gerada com inteligência artificial e diz que foi um “teste” para ver se a premiação estava preparada.
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Fotografo desde 1989, Boris Eldagsen se autodenomina um artista de “fotomídia” desde 2000. “Após duas décadas de fotografia, meu foco artístico mudou para explorar as possibilidades criativas dos geradores de IA”.
O trabalho que a SWPA escolheu, segundo o artista, é o resultado de uma complexa interação de engenharia imediata, pintura interna e externa que se baseia no conhecimento fotográfico que ele tem. “PSEUDOMNESIA – O Eletricista”, foi feita com base em retratos de família dos anos 1940.
“Para mim, trabalhar com geradores de imagens de IA é uma cocriação, na qual sou o diretor. Não se trata de apertar um botão – e pronto. Trata-se de explorar a complexidade desse processo, começando com o refinamento de prompts de texto, desenvolvendo um fluxo de trabalho complexo e misturando várias plataformas e técnicas. Quanto mais você criar tal fluxo de trabalho e definir parâmetros, maior será sua parte criativa”, explicou.
“Eu chamo minhas imagens de ‘imagens’. São produzidos sinteticamente, usando ‘o fotográfico’ original como linguagem visual. Não são fotografias”, reiterou o artista.
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