Após pandemia, home office é atrativo para os mais escolarizados nos EUA e no Brasil

O trabalho em home office será duradouro da economia nos Estados Unidos, aponta a pesquisa anual do Bureau of Labor Statistics sobre o uso do tempo dos americanos. Mudanças maciças nos padrões de consumo – com empresas cortando gastos com salas de escritórios - estão por trás da revolução teletrabalho, aponta a pesquisa. Mas essa tendência (home office) se mantém entre aqueles com diploma universitário. Estudos recentes no Brasil também mostram que trabalhar em casa é mais atrativo e possível para pessoas mais escolarizadas e com cargos mais altos.

Segundo o levantamento do Bureau of Labor Statistics – BLS (🇬🇧), quase 35% dos trabalhadores norte-americanos (cerca de 1 terço da população) continuaram trabalhando de casa em 2022. Uma década antes, eram apenas 22% nos EUA. Dos americanos que continuaram em home office, passada a emergência pandêmica, 54% têm nível superior, aponta ainda a pesquisa.

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Essa desigualdade no mercado de trabalho remoto também pode ser notada aqui no Brasil, se observados os dados da Sondagem do Consumidor do FGV IBRE, feita há cerca de 3 meses.

Das pessoas que estavam empregadas, o home office é predominante nas categorias salariais mais elevadas. No grupo de pessoas de renda mais baixa, 82,8% estava com trabalho totalmente presencial em outubro de 2022. Quando se olha na faixa de renda mais alta, o percentual de trabalho presencial ou em home office quase se equivalem.

Uma outra pesquisa feita pelo Ipea em setembro de 2021, mostrou que o perfil do trabalhador remoto naquele ano já era marcado por uma maioria feminina (56,1%), branca (65,6% são brancos e brancas), com Ensino Superior completo (76,6%) e majoritariamente no setor privado (63,9%).

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Vantagens e desvantagens do home office

De acordo com a especialista em psicologia do trabalho, Andréia De Conto Garbin, professora da PUC-SP e Mackenzie, estudos anteriores à pandemia já apontavam o home office como mudança na condição de trabalho para cargos/posições mais elevadas nas grandes empresas. 

“Mesmo antes da pandemia, e agora, no pós pandemia, o home office é atrativo porque significa diminuição do tempo gasto com a dinâmica das cidades grandes para deslocamento, almoços e reuniões, que também significa diminuição do estresse”, afirma a psicóloga.

Na outra ponta, algumas atividades operacionais que migraram dos escritórios para as casas durante a pandemia, em áreas como telemarketing e bancos, por exemplo, “acabam exigindo um controle sobre o trabalho mais presente, além da crescente intensificação desse trabalho”, pondera Andrea, e isso acabou levando profissionais dessas áreas de volta aos escritórios.

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Home office é mais atrativo para salários mais altos, mas consome mais tempo

Uma pesquisa da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e da Fundação Instituto de Administração (FIA), feita ainda no final de 2021, já mostrava que a intenção dos brasileiros era permanecer em home office após a necessidade de isolamento provocada pela pandemia: 78% das pessoas entrevistadas consideravam manter a mesma rotina de teletrabalho com o fim da emergência sanitária da covid-19. 

Mas, o mesmo tempo, esses trabalhadores ouvidos na pesquisa relataram ter uma jornada de trabalho muito maior do que a estipulada em contrato.

Segundo a psicóloga Andréia De Conto Garbin, há diversos estudos que mostram a intensificação do trabalho nos últimos anos, principalmente com as modificações que foram feitas para que os trabalhadores continuassem suas atividades sem ir ao escritório.

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 “Nós não temos números favoráveis para mostrar que as estratégias adotadas diminuem a carga de trabalho, ou contrário, temos fenômenos de enxugamento dos postos de trabalho, e como consequência, crescente intensificação do trabalho, com funcionários polivalentes e multifuncionais, também no trabalho em home office”, alerta a especialista.  

Por outro lado, Andrea avalia que é possível, para algumas carreiras e profissionais com características bem específicas, organizar o trabalho e distribuir bem as tarefas de forma a não aumentar seu tempo à frente do computador.

Há quem consiga ser mais produtivo em casa e diminuir sua carga horária entregando o mesmo que estregava no escritório, e até de forma mais rápida. “Eu mesma já entrevistei uma trabalhadora que dizia ser bem organizada e que conseguia trabalhar em casa das 13h às 17h,  criando mais tempo para outras atividades”, conta.

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No entanto, essa situação não acontece com a grande maioria dos trabalhadores em teletrabalho, já que nem todas as atividades permitem autonomia e controle de execução das tarefas de forma livre.

“As formas de cobrança, as estratégias de controle do trabalho variam muito de empresa para empresa, e o trabalhador pode não conseguir a autonomia desejada ou condições para estabelecer limites de organização e entrega do trabalho. Por exemplo, se o trabalhador precisa se manter conectado, respondendo imediatamente às demandas, e estas diversas demandas se sobrepõe, ele terá dificuldades de executar as atividades da maneira como deseja e no tempo que gostaria”, observa a especialista em psicologia do trabalho.

@curtonews

Estudos recentes no Brasil e nos Estados Unidos mostram que trabalhar em casa é mais atrativo e possível para pessoas mais escolarizadas e com cargos mais altos.

♬ som original – Curto News

(🇬🇧): conteúdo em inglês

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