Horta comunitária: além da saúde mental, mexer com a terra ajuda na alimentação saudável

Você já deve ter ouvido várias vezes que cuidar de plantas e fazer jardinagem traz benefícios incríveis para a saúde mental. Não é à toa que os jardins terapêuticos são recomendados por para tratar uma série de questões emocionais. O que os pesquisadores estão descobrindo também é que mexer com a terra em grupo - como hortas comunitárias - estimula a alimentação saudável.

Publicado por
Marcela Guimarães

Pesquisadores da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, resolveram aprofundar os benefícios da jardinagem focando no trabalho colaborativo (horta comunitária) e publicaram um estudo em que avaliaram os efeitos da atividade também na alimentação.

Os resultados mostram que, quem participa da jardinagem coletiva, aumenta a ingestão diária de fibras e a prática de atividade física, além de reduzir o estresse e a ansiedade.

Imagem: Unsplash

A pesquisa foi publicada na revista “The Lancet Planetary Health”.

Segundo os autores, alguns pequenos estudos já apontavam que as pessoas que trabalham no jardim tendem a comer mais frutas e vegetais, mas apenas três eram estudos controlados, e nenhum sobre a jardinagem comunitária.

A partir desse novo trabalho, os cientistas acreditam ter evidências concretas de que a prática em grupo pode auxiliar na prevenção do câncer, de doenças crônicas e de distúrbios de saúde mental.

“A atividade da jardinagem traz uma série de benefícios à saúde mental, ajuda a desenvolver habilidades pessoais, novos aprendizados, melhora o desenvolvimento cognitivo”, destaca Eliseth Leão, pesquisadora do Centro de Ensino e Pesquisa do Hospital Israelita Albert Einstein.

Ela diz ainda que a atividade resgata a autonomia das pessoas, auxilia na resolução de problemas e na tomada de decisão.

“Quando você faz isso em grupo você acrescenta o aspecto da socialização por poder fazer um trabalho compartilhado, coletivo, e isso aumenta a interação entre as pessoas”, complementa a pesquisadora.

A pesquisadora, que também é líder do grupo de Pesquisa e-Natureza – Estudos Interdisciplinares sobre a Conexão com a Natureza, Saúde, e Bem-Estar, completa: 

Imagem: Unsplash

“Esse estudo é robusto e busca estabelecer de forma clara uma relação de causa e efeito entre a jardinagem e um estilo de vida mais saudável, especialmente ligado à alimentação. A maior importância desse resultado é reforçar a possibilidade da prática e a partir dessa evidência suscitar uma discussão para a implementação disso para um maior número de pessoas”, afirmou.

Como funcionou o estudo?

Para chegar aos resultados, os pesquisadores recrutaram 291 adultos, com média de 41 anos, que não trabalhavam com jardinagem.

Metade do grupo recebeu uma horta comunitária gratuita, algumas sementes e mudas, além de um curso introdutório sobre jardinagem. A

Outra metade ficou no grupo controle, ou seja, não passou a ter contato com a atividade. 

Os dois grupos passavam informações periódica sobre a ingestão nutricional, a saúde mental e faziam medições corporais.

Após o período de experimentação, o grupo da jardinagem estava ingerindo em média 1,4 gramas a mais de fibras por dia (o que significa um aumento de 7%) em comparação com o grupo controle. 

O consumo de fibras tem vários efeitos sobre a saúde: elas melhoram o trânsito intestinal, aumentam a sensação de saciedade, ajudam a diminuir a absorção de açúcares e gorduras e atuam no sistema imunológico.

A longo prazo, o hábito também traz benefícios em redução de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e até mesmo câncer de intestino.

@curtonews Além da saúde mental, mexer com a terra também ajuda na alimentação saudável. Quer saber mais? Se liga no vídeo! #CurtoNews ♬ som original – Curto News

(Fonte: Agência Einstein)

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