O tema ganhou holofotes após influenciadora Karen Bachini, de 32 anos, publicar em seu canal no Youtube um vídeo explicando que é uma pessoa intersexo. Mas, afinal, o que significa o termo e por que o assunto está cada vez mais presente entre os jovens? E já adianto: não tem a ver com orientação sexual, mas com genética e condições hormonais. Entenda.
Karen diz ter recebido o diagnóstico após um longo processo e citou as dificuldades e a falta de entendimento sobre sua condição de pessoa intersexo. A influenciadora explicou, ainda, que precisou tomar hormônios femininos, já que o corpo dela não os produzia.
“Categorizando em um termo geral para as pessoas entenderem, eu sou pseudo-hermafrodita feminina, onde tenho as genitais e os órgãos internos, mas não possuo qualquer tipo de hormônio”. “Naquela época [quando tinha 18 anos], eu fui aos médicos e não sabia o que estava acontecendo com meu corpo, meu ovário era desse tamanho, eu não tinha glândula mamária, estava totalmente com o corpo atípico.”
De acordo com o Intersex Human Rights, pessoas intersexo são as que têm características sexuais congênitas, não se enquadrando nas normas médicas e sociais para corpos femininos ou masculinos, e que criam riscos ou experiências de estigma, discriminação, ódio e danos.
Essa definição é compartilhada pelo Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. A declaração baseia-se em uma definição de características sexuais. A Associação Brasileira de Intersexos (ABRAI) explica que a noção de intersexualidade inclui uma multiplicidade de diagnósticos.
De acordo com a ABRAI, o termo hermafrodita está em desuso em humanos. Essa característica fica melhor descrita como estado intersexual, sendo aderido pelo ativismo intersexo, por aliviar toda a carga negativa que a palavra hermafrodita carrega devido as demonizações, realizadas durante todo período da idade média e moderna, além de ser afetada pela heterocisnormatividade.
“Ter pessoas intersexos em ambientes de destaque é importante por conta da desinformação da sociedade”, explica Carolina Iara (PSOL-SP), a primeira deputada intersexo do país. Ela afirma que os jovens estão mais antenados com as questões LGBTQIA+, no entanto, ainda há muito desconhecimento, principalmente da pauta intersexo.
“A partir do momento que você tem políticos, famosos e blogueiras que se declaram intersexos e falam sobre o assunto, isso fortalece a noção de pertencimento e da possibilidade desses jovens se identificarem”.
@curtonews O que é intersexo? Esse termo ficou em alta após um vídeo de Karen Bachini. Aqui, o Curto News te explica o que ele significa.
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A deputada diz que a pauta intersexo ainda está entrando no debate público. Então, é muito importante que pessoas, como a Karen Bachini, falem sobre suas condições porque isso faz o assunto sair da bolha e atingir cada vez mais pessoas.
“No entanto, a representatividade tem limites”, afirma Carolina. “Precisamos falar sobre o assunto, mas também lutar pelas pautas objetivas dessas pessoas, como exclusão, preconceito e mutilação genital”. Para a deputada, combater a desinformação é uma forma de colaborar para que pessoas intersexos tenham uma vida mais saudável.
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