A história narrada pela brasileira Thaila Ayala é real, mas não é dela. Bem que poderia ser. A modelo e atriz topou unir forças com a ONG The Exodus Road e dar um rosto para essa história que se repete a cada minuto no Brasil.
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Há centenas de meninas, aqui e pelo mundo, sendo aliciadas, enganadas e traficadas com propostas sedutoras de se tornarem modelos internacionais. E elas não têm a menor ideia de que podem virar mais uma vítima na rota de tráfico de pessoas.
“O mais comum no Brasil – em relação ao tráfico humano – é o convite para mulheres serem modelos em qualquer país do mundo. É um crime corriqueiro. E a Thaila traz isso com muita maestria e beleza. Intitulamos a campanha como ‘Minha História’, para criar um impacto na sociedade. É feita por uma pessoa pública, um rosto conhecido, para que a gente chame atenção para esta questão”, explica Cintia Meireles, representante da ONG no Brasil
Cíntia pergunta: “qual foi a última campanha que você ouviu sobre tráfico humano? Qual pessoa pública que você ouviu falar que decidiu fazer parte de uma campanha dessas? Não tem. Então, essa é a primeira campanha [desse tipo]”.
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A campanha será lançada ainda em janeiro no Brasil e nos Estados Unidos (EUA), no mês da “Blue Campaign” (Campanha Azul na tradução livre) realizada pelo Departamento de Segurança Interna dos EUA, que alerta a população para o crime do tráfico de pessoas.
Impacto
Cintia Meireles conta que a campanha tem um enorme potencial de emocionar e engajar. Isso foi experimentado pela ONG no set de filmagens, com pessoas emocionadas ao ouvir a história, e ocorre sempre que uma pessoa recebe o teaser e não sabe que se tratava de uma dramatização.
“As pessoas param e literalmente começam a chorar, porque elas acreditam que é uma história que a Thaila viveu. No final do vídeo a atriz explica que essa não é uma história que a Thaila viveu, mas que viu muita gente viver essa história. Esse é o lugar de fala dela, como modelo, como atriz”, conta. “Muitas mulheres brasileiras, na hora que assistirem à campanha, saberão que é uma história real”.
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Por que a ONG escolheu dramatizar essa história? Cintia explica:
“É um crime invisível, ninguém se sente confortável em falar sobre o assunto. Até para as organizações que combatem fica difícil. Ninguém gosta de dar like nas redes sociais numa história triste como essa”.
Cintia também destaca que é bem comum que vítimas de crimes como o tráfico humano, principalmente para exploração sexual – e aí também entra a comunidade LGBTQIA+ – não se sentirem vítimas, ou não perceberem que foram vítimas. Há vergonha, culpa, medo… uma série de emoções que impedem alguém de assumir, diante da opinião pública, que passou ou passa por esse tipo de situação.
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Você também pode ouvir este trecho da entrevista com Cíntia Meireles da Exodus Road⤵️
Crime Invisível
O tráfico humano ou tráfico de pessoas é um crime invisível. Envolve cifras milionárias e quadrilhas poderosas, com gente poderosa, portanto combatê-lo é praticamente impossível, ainda mais em uma país de dimensões continentais como o Brasil.
De acordo com Cintia, sabe-se que o Brasil é uma das rotas importantes do tráfico de pessoas.
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“Não gosto de usar esse termo, mas o Brasil é exportador de mulheres para exploração sexual”, lembra a representantes da ONG.
Infelizmente faltam dados, estatísticas sobre esse crime, tanto no Brasil como no resto do mundo. Por isso, a melhor forma de impedir que ele continue é conscientizando as possíveis vítimas.
“É essa é a intenção da nossa campanha. Trazer esse assunto a público, para que a gente comece a debater com a sociedade. Para que a gente se pergunte: será que eu estou vendo uma vítima de tráfico humano? Aquela profissional do sexo que está num estrada, será que ela está ali porque quer ou porque é vítima de tráfico humano?”, alerta Cintia.
Se quiser, ouça mais sobre essa entrevista ⤵️
The Exodus Road
The Exodus Road é uma organização internacional sem fins lucrativos, com sede no Colorado, Estados Unidos, de combate ao tráfico de pessoas com escritórios na Tailândia, Índia, Filipinas, Brasil e um país não revelado na América Latina.
Além de abrigos “after care” para vítimas de tráfico humano, há times de investigadores e assistentes sociais secretos que vão até locais onde este crime é flagrado, elaborando dossiês para que a policia local faça o trabalho de libertação das vítimas e prisão dos criminosos.
No Brasil, a Organização trabalha com treinamento para agentes policiais, ensinando a entender o que é tráfico de pessoas, como funciona e quem são as vítimas desse tipo de crime, como abordar, investigar e atuar nos locais onde ele ocorre. Além disso a ONG também oferece equipamentos que ajudam no monitoramento das quadrilhas.
Ouça mais detalhes sobre a ação da organização ⤵️:
No fim de 2022, a organização fez uma campanha em Parceria com a Polícia Federal para alertar possíveis vítimas brasileiras do tráfico internacional de pessoas. Veja:
Dados levantados pela ONG:
43% das vítimas do tráfico humano estão em trabalho forçado.
13% das vítimas de tráfico humano estão sendo exploradas no comércio sexual.
44% das vítimas de tráfico humano estão em casamento forçado.
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