A guerra na Ucrânia, os protestos no Irã e o questionamento do aborto nos Estados Unidos são alguns dos dez grandes acontecimentos que marcaram o ano de 2022 no mundo. Confira a retrospectiva! ⏰
Em 24 de fevereiro, o presidente russo Vladimir Putin ordena a invasão da Ucrânia e abre uma crise sem precedentes desde o fim da Guerra Fria. O conflito provoca o maior fluxo de refugiados na Europa desde o final da Segunda Guerra Mundial e custa a vida de milhares de soldados e civis.
Os testemunhos contra o Exército russo se multiplicam, com acusações de assassinato de civis, torturas e estupros. A Rússia lança centenas de ataques de retaliação à rede de energia ucraniana, deixando milhões de ucranianos no escuro nos meses de inverno.
Iniciada em 2021 por problemas nas cadeias de abastecimento juntamente com a forte demanda em meio à recuperação pós-pandemia, a alta de preços se acelera em 2022 e atinge níveis inéditos em décadas.
A inflação se acentua pela guerra na Ucrânia, que mergulhou a Europa em uma profunda crise energética. Em resposta às sanções ocidentais, Moscou multiplicou as represálias, atingindo, em particular, o ponto fraco da UE: sua dependência do gás russo. Suas exportações de gás, principalmente para Alemanha e Itália, estão em queda livre. A guerra também provocou a disparada dos preços dos cereais e, por extensão, da ração animal.
Em junho, a Suprema Corte dos Estados Unidos devolveu a cada estado da União o poder de proibir o aborto em seu território, enterrando, assim, sua decisão de 1973 no caso “Roe v. Wade”, que o havia estabelecido como um direito constitucional. Depois da mudança, cerca de 20 estados proíbem totalmente ou limitam seriamente o direito ao aborto.
Após uma sucessão de escândalos e de demissões em seu governo, o primeiro-ministro britânico, o conservador Boris Johnson, apresenta sua renúncia em julho. Liz Truss foi oficialmente nomeada para sucedê-lo.
Primeira-ministra mais efêmera da história moderna do país, Truss durou apenas 44 dias no cargo. Ela renunciou após causar uma crise política e financeira com seu programa econômico. Rishi Sunak chegou ao poder no final de outubro, em um período de instabilidade sem precedentes no Reino Unido. É o quinto chefe de Governo britânico desde o referendo do Brexit em junho de 2016.
Em 2022, os desastres ligados à mudança climática se multiplicaram. A Europa registrou o verão mais quente, com recordes de temperatura e ondas de calor que provocam secas e incêndios. Pelo menos 15 mil mortes são diretamente atribuíveis a este calor extremo na Europa, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). A China também bate recordes de calor em agosto, e a seca ameaça a região do Chifre da África com fome.
No Paquistão, inundações históricas, devido a monções de proporções anormais, matam mais de 1.700 pessoas e obrigam oito milhões a se deslocarem. Um terço do país se vê inundado. Se as projeções para este ano se confirmarem, os oito anos de 2015 a 2022 serão os mais quentes já registrados, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM).
Em 16 de setembro, a curdo-iraniana Mahsa Amini, de 22 anos, morreu em um hospital três dias depois de ser detida pela polícia da moralidade. Ela foi acusada de violar o código de vestimenta do Irã para mulheres, que as obriga a cobrir o cabelo em público e usar roupas discretas. Sua morte provocou uma onda de manifestações em todo país, a maior desde a Revolução Islâmica de 1979.
As manifestações pela liberdade das mulheres se transformam, progressivamente, em um movimento mais amplo dirigido contra o regime islâmico e se estendem às universidades e escolas, apesar da repressão. As autoridades relatam mais de 300 mortes, enquanto uma ONG com sede na Noruega contabiliza pelo menos 469.
A estratégia “covid zero” da China, que implicou confinamentos de bairros, ou cidades, inteiras logo que um caso aparece, provocou manifestações no final de novembro de uma magnitude inédita há décadas.
As autoridades reagiram e reprimiram os protestos, mas também decidiram acabar com a política de “covid zero”. Desde então, os casos de covid-19 dispararam no país e os hospitais enfrentam dificuldades com o elevado número de pacientes.
Na Europa, os ultraconservadores conquistaram vitórias importantes nas eleições legislativas de vários países:
Após dois anos de conflito, o governo federal etíope e as autoridades rebeldes da região do Tigré assinam, em 2 de novembro, um acordo de “fim das hostilidades”. A expectativa é que o pacto acabe com uma guerra descrita por ONGs como “uma das mais sangrentas no mundo”. Os combates haviam recomeçado no final de agosto, após cinco meses de cessar-fogo.
Desde novembro de 2020, o conflito opõe o governo etíope, apoiado por forças da vizinha Eritreia, e os rebeldes do Tigré. O conflito é marcado por possíveis crimes contra a humanidade cometidos por “todas as partes”, segundo a ONU, e forçou o deslocamento de mais de dois milhões de etíopes.
Além do desarmamento dos rebeldes, o acordo de paz deve permitir a chegada de ajuda humanitária ao Tigré, quase isolado do mundo. Há mais de um ano, seus seis milhões de habitantes sofrem com a grave escassez de alimentos e de remédios. O primeiro comboio de ajuda humanitária desde agosto chegou à região em 16 de novembro.
A organização da Copa do Mundo de 2022 no Catar rendeu ao país-sede uma enxurrada de críticas.
O primeiro país árabe a organizar este grande evento foi criticado por seu tratamento aos trabalhadores estrangeiros, à comunidade LGBTQ e às mulheres, assim como pelo uso de climatização em seus estádios, nestes tempos em que se multiplicam os apelos para se poupar energia no âmbito da luta contra a mudança climática.
Boa parte das críticas está relacionada com a situação dos trabalhadores imigrantes, um fator essencial em um país onde os emiradenses representam apenas 10% de uma população de três milhões de habitantes. Algumas ONGs falam em milhares de mortos em acidentes nas obras para o Mundial, número que o governo de Doha nega.
(Com AFP)
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