O que é o cartão corporativo do governo e quando pode ser usado?  

Desde que a ONG Fiquem Sabendo - especializada em transparência - teve atendido o pedido de informação sobre os gastos do cartão corporativo do ex-presidente Jair Bolsonaro, uma série de reportagens e denúncias vieram à tona. São gastos altos para viagens e alimentações, por exemplo. Algumas delas podem entrar na mira da Justiça. Mas você sabe que cartão é esse? Para que ele serve? E o que se pode gastar com ele? O Curto Explica.

O Cartão de Pagamento do Governo Federal (CPGF), mais conhecido como cartão corporativo, foi criado para substituir o uso de cheques na administração pública, para gastos menores, como alimentação ou transporte.

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Ele funciona de forma parecida com os cartões de crédito pessoais ou de empresas, porém com limites e regras específicas a serem seguidas.

Embora os gastos não tenham passado por um processo de licitação – necessário para toda contratação de serviço na área pública – aquelas despesas de pequeno valor e que precisam atender a situações de pronto pagamento, como viagens e alimentação, podem ser resolvidas com o cartão corporativo.

A ideia era dar mais transparência a estes “pequenos gastos”, por meio de um cartão cujo uso pudesse ser facilmente acompanhando por uma fatura.

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Veja essa entrevista feita pela TV Senado em 2018, do então diretor de Auditoria de Governança e Gestão da CGU, Valdir Gomes Dias, que explica o uso dos cartões:

O uso do cartão corporativo está muito regulamentado no chamado de “suprimento de fundos”.

Mas o que é suprimento de fundos?

De acordo com o Portal da Transparência do próprio governo federal, suprimento de fundos é um adiantamento dado ao servidor para pagamento dessas pequenas despesas, com prazo certo para utilização e comprovação de gastos.

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Nesse caso, o funcionário de um órgão público – servidor – deve seguir os mesmos princípios que regem a Administração Pública: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, bem como o princípio da isonomia e da aquisição mais vantajosa.

E quais despesas podem ser realizadas com suprimento de fundos?

a) atender a despesas de pequeno vulto, assim entendidas aquelas cujo valor, em cada caso, não ultrapasse o limite estabelecido na Portaria MF nº 95/2002;

b) atender a despesas eventuais, inclusive em viagens e com serviços especiais, que exijam pronto pagamento;

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c) quando a despesa deve ser feita em caráter sigiloso, conforme regulamento.

Entenda a polêmica envolvendo o cartão de Jair Bolsonaro

Todos podem ter acesso a dados detalhados das despesas realizadas com os cartões de pagamento, mesmo do presidente da República, exceto aos dados relativos a gastos sigilosos.

Jair Bolsonaro colocou sigilo de 1200 anos para vários documentos públicos, incluindo os gastos no cartão corporativo dele. E a administração não atendia aos pedidos de informação, feitos com base na LAI (Lei de Acesso à Informação) que eram solicitados pela imprensa ou órgãos que trabalham com transparência.

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Pela LAI, o sigilo de gastos do cartão corporativo vale até o fim do mandato do presidente. Quando ele deixa o cargo, os dados são automaticamente públicos.

Daí, toda a imprensa pôde ter acesso aos dados de compra do cartão do ex-presidente. E várias despesas levantaram suspeitas, principalmente os gastos altíssimos de alimentação em restaurantes simples, em uma só dia, e combustível, nos dias que coincidem com as “motociatas” de Bolsonaro.

O caso não se enquadra nas quebras de sigilo que o governo Lula vem promovendo.

Não curto fake news

“O meu particular, eu posso sacar até R$ 25 mil por mês e tomar em tubaína. Nunca saquei um centavo”, disse o presidente, durante uma de suas lives nas redes sociais, no dia 1º de setembro do ano passado, segundo apurou o Estadão.

E em ao menos outras 15 vezes, em outras transmissões ao vivo, essa afirmação foi repetida. Mas a lista de gastos que tem sido divulgada pela imprensa mostra que a história real foi diferente do discurso.

Jair Bolsonaro justificava o uso do cartão corporativo pessoal para bancar a equipe que o acompanha nas viagens e que os locais “não eram de luxo”.

O caso da tapioca de 8 reais

Polêmicas sobre o uso do cartão corporativo de servidores públicos e autoridades não é novidade.

Muitas das polêmicas não tem a ver com legalidade no uso do cartão, mas com a moralidade, isto é, será que um ministro, ou o presidente da República, não ganham suficiente para comprar alimento quando estão em viagem, por exemplo?

Em 2008, o então ministro de Lula, Orlando Silva, virou alvo das manchetes ao comprar uma tapioca de R$8,30 no cartão corporativo. 👀

Curto Curadoria:

Curto Explica: tudo aquilo que você precisa saber e tem vergonha de perguntar!😉

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