ACNUR e Macron
Créditos da imagem: Reprodução/Twitter

Agência da ONU para refugiados faz alerta sobre crises humanitárias que vão além da Ucrânia

A recepção aos ucranianos permitiu derrubar o "mito de que a Europa está cheia, que não pode acolher mais pessoas", afirmou o alto comissário das Nações Unidas (ONU) para os refugiados, Filippo Grandi, que fez um apelo por mais espaço para os outros refugiados.

“Não esqueçam os outros”, disse o titular do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) em uma entrevista à AFP em Paris, onde discutiu com o presidente francês, Emmanuel Macron, as respostas humanitárias aos diversos conflitos que provocam deslocados.

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A proteção temporária que a União Europeia (UE) concede às pessoas que fogem da ofensiva russa na Ucrânia, a hospitalidade dos europeus e a unanimidade sobre sua acolhida “demonstraram que é possível fazer. Vamos fazer então”, disse.

Quando a opinião pública ocidental, “que sempre é considerada hostil aos refugiados, compreende o vínculo entre guerra, violência, exílio e fuga, fica muito mais fácil aceitar que os refugiados precisam de proteção”, acrescenta.

Os casos são inúmeros, segundo Grandi, que cita os conflitos cada vez mais “complexos e multifatoriais” que geram milhões de deslocados no Afeganistão, na região do Chifre da África ou no Iêmen.

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“Isto não significa que os ucranianos devam receber menos. Todos compreendem por que eles fogem. Mas também há outros refugiados que fogem das bombas”, disse o italiano, que pede “esforços adicionais para os outros”.

“O terror que passam, o sofrimento que a guerra inflige aos civis, as violações dos direitos humanos têm o mesmo impacto na Ucrânia, na Síria, no Iêmen ou em outros lugares”, afirmou o alto comissário, de 65 anos.

Além da Ucrânia, Grandi, que recebeu um novo mandato à frente do Acnur em setembro, expressou inquietação com a falta de recursos para enfrentar outras crises este ano e em 2023, como na América do Sul ou em Mianmar com os rohingyas.

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E fez um alerta sobre a mudança climática, cujas consequências são sentidas “em suas manifestações mais extremas, como as inundações no Paquistão que provocaram dezenas de milhões de deslocados”.

O aquecimento do planeta complica muito mais a situação, afirmou Grandi, para quem “o vínculo entre mudança climática e conflitos” é preocupante.

“Esta mistura de causas sem dúvida aumentará a população deslocada”, adiantou.

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(com AFP)

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