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Mudanças climáticas e crise energética seguem no foco mundial em 2023

Após um ano de fenômenos climáticos extremos, o mundo enfrenta um dilema: combater a mudança climática, o que significa uma profunda revolução no modo de vida do ser humano, ou continuar consumindo energia abundante e barata.

“Perdemos um ano”, lamentou o vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, após a última conferência sobre o clima da ONU (COP27), no Egito.

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Após duas semanas de negociações, os quase 200 países presentes mal conseguiram chegar a um acordo sobre a criação de um fundo de reparação para os países mais pobres, mas sem um valor ou cronograma claros. “O mundo não vai nos agradecer amanhã”, alertou Timmermans no final da conferência.

A COP27 não abordou a necessidade de acabar com os combustíveis fósseis (petróleo, carvão ou gás). Esse compromisso é essencial para alcançar os objetivos da própria comunidade internacional de manter o aumento da temperatura do planeta em, no máximo, 1,5ºC (Acordo de Paris).

Os recordes de temperatura durante o verão na Europa, as inundações catastróficas no Paquistão e a fome em regiões africanas foram notícia ao longo de 2022.

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“Infelizmente isso é só o começo: estamos vendo em pequena escala o que pode acontecer conosco em grande escala”, adverte Robert Vautard, diretor do instituto francês Pierre-Simon Laplace. A esperança está na aceleração do uso de energias renováveis, segundo climatologistas e organizações ambientais.

A capacidade energética de fontes renováveis crescerá 2.400 gigawatts nos próximos cinco anos, segundo previsões da Agência Internacional de Energia (AIE). Estas fontes alternativas ultrapassarão o carvão como fonte de energia elétrica até 2025, de acordo com esse relatório.

Mas um olhar mais atento aos dados revela um cenário perturbador:

  • Na Alemanha, um dos países mais afetados pela crise energética provocada pela guerra na Ucrânia, 75% da geração de energia elétrica ainda depende dos combustíveis fósseis. Entre as fontes renováveis, a maioria é biomassa (18%), muito à frente da solar ou eólica, segundo dados oficiais.
  • “A energia renovável é intermitente, isso é algo conhecido. Por si só não é uma coisa ruim, mas temos que assumir isso”, alerta Javier Blas, especialista no setor de energia da Bloomberg.
  • O preço do gás na Europa é muito volátil. De 20 euros por megawatt passou para 300 euros, antes de cair para 100 euros. “Nunca vi um momento mais caótico”, comentou raham Freedman, analista do setor de gás da consultoria Wood Mackenzie.

A próxima COP será realizada em Dubai. Os Emirados Árabes Unidos são grandes exportadores de petróleo.

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“Nessa COP falarão muito sobre o setor do petróleo e gás e sua eventual contribuição financeira” para o combate à mudança climática, prevê Laurence Tubiana, especialista francesa e uma das arquitetas do Acordo de Paris de 2015.

As lições que este inverno deixa no Hemisfério Norte serão fundamentais para ver o grau de comprometimento real das economias mais desenvolvidas. A maioria dos países desenvolvidos tem ambições climáticas incompatíveis com os objetivos do Acordo de Paris, segundo um estudo do Paris Equity Check, publicado na terça-feira.

  • Em vez da meta de 1,5ºC, a União Europeia estaria numa trajetória de 2,3 ou 2,5ºC até o final do século, e os Estados Unidos em 3 ou 3,4ºC, segundo o estudo.
  • Para os países em desenvolvimento, as perspectivas não são muito melhores: o Brasil se ajustaria a um aquecimento de 2,1 ou 2,9 ºC, e o México de 2,7 ou 3,2 ºC.
  • China, Rússia e Turquia ultrapassariam os 5ºC, o que em termos científicos é um limiar desconhecido, podendo provocar mudanças climáticas drásticas.

Na COP27 no Egito, apenas 16% dos quase 200 membros apresentaram novos compromissos de redução de emissões. Em Dubai, no ano que vem, esses países serão cobrados, o que promete duras recriminações mútuas.

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(Fonte: AFP)

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