Diagnóstico de autismo sobe 22% em dois anos nos EUA, diz CDC

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos Estados Unidos, divulgou um relatório mostrando que o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) na infância aumentou 22% nos últimos dois anos, no país: a prevalência atual (com dados de 2020) é de 1 caso para cada 36 crianças de 8 anos. Em 2018, era 1 caso para cada 44. Com isso, o TEA passa a estar presente em 2,8% da população pediátrica na sociedade norte-americana.

O levantamento é realizado e atualizado a cada dois anos por uma rede de monitoramento e vigilância ativa que avalia dados de mais de 226 mil crianças americanas, de 11 regiões do país.

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De acordo com o documento do CDC, a prevalência geral do transtorno foi de 27,6 por cada 1.000 crianças (1 em cada 36), sendo 3,8 vezes mais prevalente em meninos do que em meninas. A idade média do diagnóstico foi aos 49 meses (4 anos). 

Para chegar aos resultados, a equipe utiliza informações sobre o desenvolvimento dessas crianças nos registros de serviços de saúde e do sistema educacional dos estados norte-americanos.

Para isso, são considerados critérios como uma avaliação com diagnóstico confirmado de TEA, classificação de TEA por causa da necessidade de educação especial, ou CID (Classificação Internacional de Doenças) indicando TEA.

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Por que houve aumento expressivo nos diagnósticos?

Para o CDC o maior conhecimento sobre o TEA e o maior acesso aos serviços de diagnósticos – com , melhor formação dos profissionais de saúde e dos professores para identificar o transtorno – estão por trás do aumento de casos. 

“Com a maior divulgação dos casos e mais informação, pais, médicos e professores foram aprendendo a identificar os sinais mais precocemente. Não significa que temos mais crianças com autismo, o que acontece é que fomos aprendendo a diagnosticar”, diz o neurologista Erasmo Casella, do Hospital Israelita Albert Einstein e professor livre-docente da disciplina de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

Importante lembrar: Autismo é uma neurodivergência, uma forma de funcionamento cerebral diferente da considerada típica. Por isso também costuma-se dizer que autistas são atípicos ou neuroatípicos.⤵️

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Dificuldade no diagnóstico

Não é fácil determinar o diagnóstico de autismo. Muitos pais passam por uma via crucis que normalmente começa no pediatra, passa por neurologistas, psiquiatras e neuropsicólogos…. uma série de testes e muitas informações equivocadas.

Segundo o professor Casella, essa dificuldade existe porque o transtorno envolve várias condições que afetam o desenvolvimento neurológico e tem diversas gradações. Ele é caracterizado por limitações de comunicação e interação social, nos relacionamentos, padrões de comportamento repetitivos, entre outros.

Pode ser classificado como nível 1, 2 ou 3 (leve, moderado ou grave), conforme a necessidade de suporte do paciente, inclusive é isso que vai orientar o plano terapêutico individual. 

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“Aquela criança que fala logo, que fala bem, que não atrasa para bater palmas, muito provavelmente vai passar batido pelo pediatra, já que antigamente só eram diagnosticados aqueles autistas não verbais ou com deficiências muito graves. Além disso, é possível que alguns pacientes com autismo sejam diagnosticados com TDAH [Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade] por serem considerados crianças agitadas”, explica o especialista.

Segundo o neurologista, há muitos casos de sobreposição de diagnósticos – as crianças têm autismo e TDAH, o que pode confundir e dificultar ainda mais um diagnóstico correto na infância.

“Com o passar dos anos, os critérios de diagnóstico foram sendo aprimorados e aperfeiçoados. Apenas de uns 15 anos para cá é que começaram a surgir os estudos mais completos e aprofundados sobre o assunto. Eu mesmo me formei em 1981 e não tive nenhuma aula sobre autismo. Hoje, a cada 40 dias dou uma aula sobre esse tema na universidade”, explica Casella.

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Histórico

O autismo foi reconhecido oficialmente e descrito pela primeira vez na década de 1940. Mas só em 2013 passou a ser oficialmente chamado de Transtorno do Espectro Autista e foi enquadrado na Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial de Saúde (OMS), graças a estudos que mostraram a existência de vários tipos de intensidade do transtorno. 

O dia 2 de abril é o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo e tem como objetivo chamar a atenção para a importância do tema.

O diagnóstico precoce, ainda na infância, é essencial para que a criança desenvolva suas habilidades com terapias, porque esse tempo não é recuperável.

(Com Agência Einstein)

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