O adolescente de 14 anos que matou uma aluna cadeirante a tiros e golpes de faca na manhã da última segunda-feira (26), em uma escola de Barreiras/BA, pegou a arma do pai - um policial militar (PM) de Brasília que havia se mudado para a cidade baiana neste ano. Segundo o PM, o revólver calibre 38 estava carregado com seis balas e foi encontrado pelo jovem debaixo de um colchão, onde era guardado. O pai do adolescente poderá responder pelo caso, já que a arma de fogo estava sob sua responsabilidade. Nesta terça-feira (27), o adolescente segue hospitalizado sob custódia, após ter sido baleado quatro vezes na manhã do ataque. O autor dos disparos contra ele ainda não foi identificado.
Ao menos 40 dos cerca de 400 estudantes estavam reunidos na quadra do Colégio Municipal Eurides Sant’Anna, uma escola cívico-militar do oeste baiano, quando o jovem de 14 anos chegou na unidade armado na manhã de segunda (26).
O adolescente entrou disparando e tinha o objetivo de atingir o maior número de pessoas, segundo apontam investigações da Polícia Civil. “Ele não tinha um alvo fixo”, afirmou o delegado responsável pelo caso, Rivaldo Luz.
Segundo a perícia, o atirador não conseguiu executar mais pessoas graças a defeitos no revólver, que atrapalharam os disparos. Além disso, ele não conseguiu recarregar as balas durante o ataque, apesar de ter estar munido com o material.
“Em algum momento, a arma ‘picotou’ [falhou]. Houve uma certa imperícia dele, porque o revólver falhou em alguns momentos”, informou o delegado Rivaldo Luz. “Ele não teve condição com arma, que só tinha seis balas e ele teria que recarregar – e ele tinha material para recarregar –, ele não teve tempo de executar mais pessoas”, completou.
Inicialmente, a polícia informou que a aluna Geane da Silva Brito teria sido baleada. A informação foi corrigida durante as investigações. A vítima, que tinha 19 anos e era cadeirante, foi morta com golpes de facão. Até o dia 3 de outubro ficaram suspensas as aulas do colégio, que é gerido pela Prefeitura de Barreiras em parceria com a Polícia Militar.
Segundo o delegado Rivaldo Luz, que ouviu o pai do menor na segunda-feira (26), o policial militar afirma que escondia o revólver e que o jovem não tinha acesso a ela. Como portador da arma usada no ataque, ele poderá responder pelo caso. “O dever de cautela é do portador da arma, que é quem tem a autorização legal”, explicou o delegado Rivaldo Luz.
Segundo Rivaldo, “o pai é subtenente aposentado no Distrito Federal. Ele disse que a arma estava guardada. Disse que o filho era introspectivo, calado, tinha poucas amizades, mas era um bom menino, tirava boas notas, embora relatasse que ele tinha faltado muito às aulas, e tinha dificuldade de fazer amizades”.
O PM também relatou à investigação que não “consegue entender o motivo” que levou o filho a praticar o atentado.
Em seu perfil no Twitter, o atirador havia deixado uma mensagem de aviso sobre o ataque 4 horas antes de se dirigir à escola. Na publicação, que foi banida pela plataforma após a repercussão do caso, o adolescente lamentava o fato de ter se mudado para Bahia e reproduzia discursos de ódio contra a moradores da cidade de Barreiras e da Região Nordeste.
Segundo informou o pai do garoto à Polícia “nos últimos meses, [ele] passou a ficar muito tempo nas redes sociais. Os pais não sabiam os tipos de conteúdos que ele consumia na internet”.
O colégio não tem câmeras de segurança, mas os investigadores buscam imagens de residências vizinhas. O adolescente também foi baleado durante o crime. O tenente coronel Fábio Santana, da Polícia Militar, afirma que os policiais que trabalham na escola estavam desarmados e que os tiros que acertaram o menor possivelmente partiu de uma pessoa que passava nas imediações no momento do ataque. Ela ainda não foi identificada.
O jovem foi socorrido por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e encaminhado para o Hospital Geral do Oeste. Ele passou por uma cirurgia e o quadro de saúde é considerado estável.
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