Economia dos EUA ganha impulso com 2,4% no 2º trimestre

A economia dos Estados Unidos desafiou as previsões pessimistas após um crescimento acelerado no segundo trimestre, de acordo com dados do Departamento de Comércio publicados nesta quinta-feira (27)

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Agence France-Presse

Neste período, a economia foi impulsionada principalmente pelos gastos de consumo e o aumento dos investimentos.

O crescimento anual do Produto Interno Bruto (PIB) ficou em 2,4% no segundo trimestre do ano, de abril a junho, segundo o Departamento de Comércio, apesar de os analistas esperarem um arrefecimento.

Embora os economistas tenham alertado sobre uma possível desaceleração à medida que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) elevava rapidamente as taxas de juros no último ano para conter a demanda e reduzir a inflação, a economia mostrou ser mais resistente do que o esperado.

No primeiro trimestre, o crescimento do PIB foi revisado significativamente para cima, atingindo 2% – frente a uma estimativa inicial de 1,1% -, impulsionado por um consumo mais forte do que o previsto.

Nesta quinta-feira, o aumento do PIB “refletiu aumentos nos gastos dos consumidores, no investimento fixo não residencial e nos gastos do governo estadual e dos governos locais”, entre outras áreas, indicou o Comércio em um comunicado.

Consumidores cautelosos

“Os consumidores ainda desejam gastar, embora tenham se tornado cada vez mais cautelosos e seletivos”, disse o analista Gregory Daco, economista-chefe da EY-Parthenon.

Os gastos dos consumidores continuaram crescendo 1,6% no segundo trimestre, a um ritmo mais lento do que no primeiro trimestre, mas esse impulso está se moderando devido aos preços ainda altos e às condições mais restritas para o crédito, explicou Daco.

No momento, “o crescimento do salário real está se tornando positivo” e auxiliando o consumo à medida que a inflação esfria, acrescentou.

Os investimentos residenciais caíram pelo nono trimestre consecutivo, de acordo com o último relatório do Produto Interno Bruto, apesar de os investimentos empresariais terem crescido 7,7%.

Segundo o analista, há sinais positivos de que os “executivos seguem impulsionando o crescimento, apesar das preocupações persistentes sobre uma recessão”.

O aumento dos investimentos em estruturas “continua refletindo o forte ímpeto” dos gastos governamentais relacionados à lei de investimentos em infraestrutura e empregos, à lei CHIPS e de Ciência, e à Lei de Redução da Inflação, acrescentou.

Porém, ainda que tenha havido uma “subida nos investimentos em inventários privados e uma aceleração nos investimentos fixos não residenciais”, que contribuíram para o crescimento acelerado do PIB, isso foi parcialmente compensado pela queda das exportações e dos gastos públicos.

Trajetória positiva

Outros analistas creem que os Estados Unidos podem enfrentar uma leve recessão na segunda metade do ano. No entanto, essa perspectiva parece estar diminuindo à luz dos dados de um mercado de trabalho robusto, baixo desemprego e gastos sustentados dos lares, conforme a inflação diminui.

Na quarta-feira, o chefe do Fed, Jerome Powell, disse à imprensa que seu pessoal não prevê mais uma recessão, embora ainda projetem “uma notável desaceleração do crescimento a partir do final do ano”.

Isso ocorre após o Fed elevar a taxa de referência dos juros pela décima primeira vez desde março de 2022, levando-as a seus níveis mais altos em 22 anos.

“O crescimento está superando as expectativas, mesmo quando a postura da política monetária se tornou restritiva”, considerou Rubeela Farooqi, economista-chefe para os EUA da High Frequency Economics.

“Um setor doméstico forte, que continua se beneficiando do crescimento do emprego e de aumentos reais de renda, deve continuar crescendo em uma trajetória positiva este ano”, acrescentou.

Daco, por sua vez, aponta que “a economia ainda enfrenta ventos contrários devido aos altos preços e custos, às condições de crédito restritas e às taxas de juros em alta”.

Outros riscos incluem o reembolso de empréstimos estudantis e o fraco crescimento global.

O crescimento sustentado nos gastos dos consumidores no segundo trimestre foi um claro reflexo da força do mercado de trabalho, disse Mike Fratantoni, economista-chefe da Mortgage Bankers Association.

“No entanto, a forte queda das exportações mostra que esse crescimento, no contexto de uma economia global fraca, está criando ventos contrários”, acrescentou.

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