Você sabe o que significa o termo extremismo? Segundo o dicionário Michaelis, extremismo é a “corrente de pensamento que impele à adoção de medidas extremas para resolver os problemas sociais; radicalismo”. Ou seja, é praticado por pessoas ou grupos fincados em seu ponto de vista e suas raízes de maneira radical. Será que existe alguma forma de controlar esse “pensamento”? O Curto News mergulhou nesse assunto. Vem com a gente!
O extremismo pode ser associado ao dogmatismo e ao fanatismo. É um modelo de pensamento que tem o diálogo e a negociação totalmente fora dos seus pilares, ou seja: o que você pensa, é. E ponto final.
O extremismo pode aparecer associado aos costumes, à religião e também à política. Tem uma ligação direta com o ódio ao oposto: se não faz parte do que eu acredito, não pode existir. Portanto, há por trás do extremismo a aniquilação do pensamento contrário.
A expressão “extremismo religioso” ficou associada, nas últimas décadas, à grupos islâmicos, como o Talibã (no Afeganistão), e o Hamas (na Palestina). Outros grupos considerados terroristas nasceram do extremismo islâmico, como o Estado Islâmico e a Al Qaeda, principalmente após os atentados de 11 de setembro de 2001 contra as torres gêmeas no Estados Unidos.
Mas o extremismo na religião, assim como na cultura e na defesa de ideais nacionalistas, pode ser associado a diversos movimentos e não é prática exclusiva de uma única fé.
Sim, ó extremismo também pode existir na política. E este ano, no Brasil, vimos essa corrente crescer entre grupos conservadores.
O Curto News conversou com Rafael Costa, mestre em Ciências Sociais pela Unifesp e professor universitário da Fecaf, sobre extremismo político no cenário brasileiro.
“Do ponto de vista político, extremista é tudo aquilo que é visto como algo radical a uma determinada perspectiva. Radical, do latim, significa “raiz”. Então, todas as vezes que classificamos alguém como radical, estamos dizendo que essa pessoa/grupo é muito apegada às suas convicções, as suas raízes.”, explicou.
Vale ressaltar que o extremismo político não está restrito apenas a um grupo, mas sim a todos os lados que tornam sua verdade como única.
Extrema-esquerda, esquerda radical, esquerda, centro-esquerda, centro, centro-direita, direita, extrema-direita ou direita radical, podem fazer parte de movimentos extremistas, a medida em que qualquer dessas linhas políticas pode propagar ideias e/ou soluções extremas para problemas da sociedade.
Historicamente falando, o comportamento de grupos extremistas tem como uma das características a violência, fugindo dos métodos formais de diálogo e transformação dos problemas.
“A palavra extremismo é muito utilizada para separar os “extremos” dos “moderados”. Ou seja: todo aquele que é considerado extremista é visto como alguém que não “modera”, no sentido de tentar encontrar um equilíbrio diante de visões de mundo diferentes. Por isso, extremismo também é um sinônimo para desequilibrado, uma vez que ele não pondera, não equilibra a sua visão com outras perspectivas. Interessante pensar que extremismo é sempre uma categoria relativa. É extremista em relação a quem? É moderado em relação a quê?”, avalia Costa.
Nas eleições deste ano, pudemos ver uma polarização intensa entre eleitores brasileiros e, como um efeito dela, houve registro de mortes por brigas partidárias, numa onda crescente de violência política. O extremismo gera atos de violência que provocam mortes.
Para Costa, “o remédio para o extremismo é a democracia”. O principal pilar da democracia é a igualdade, as minorias ganham voz e conseguem ter as mesmas chances que as maiorias. Não existe curvamento de nenhum dos lados, segundo o estudioso.
“Como projeto político, o pressuposto fundamental da democracia é a igualdade. É dar a chance para que as minorias tenham a possibilidade de ter voz junto às maiorias e, por essa razão, a constante necessidade de negociação e consenso. O único horizonte político que se pretende a isso é a democracia”, conclui o professor.
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