A inteligência artificial (IA) tem gênero? À primeira vista, a resposta é não. No entanto, certos tipos de IA, como os assistentes digitais, muitas vezes apresentam características ditas femininas. Por que os programadores fazem esta escolha e, mais importante, quais são as consequências?
À pergunta “A inteligência artificial tem gênero?”, o ChatGPT simplesmente responde: “Não tenho gênero nem identidade pessoal”.
O chatbot não está errado. Sendo a IA, antes de tudo, uma sequência de números, ela é incapaz de adotar, como faz um ser humano, as características deste ou daquele gênero.
No entanto, vários estudos mostram que os assistentes digitais muitas vezes apresentam traços femininos, a começar pela voz ou pelo primeiro nome. Dois exemplos óbvios são Alexa e Cortana, os assistentes de voz desenvolvidos pela Amazon e Microsoft. Também não devemos esquecer a Siri da Apple, que em norueguês significa “bela mulher guiando você para a vitória”.
“Muitas empresas, como o Google, têm claramente definido o gênero dos seus assistentes digitais”, diz Hilary Bergen, investigadora da The New School, em Nova York. De acordo com ela, os assistentes de voz são “claramente inspirados em secretárias”.
Gentileza, benevolência e doçura
A inteligência artificial pode deixar muitos usuários desconfiados. Mas, para inspirar confiança, o dispositivo de IA é programado para imitar qualidades como gentileza, benevolência e doçura – características geralmente atribuídas às mulheres. O problema? Esta abordagem pode perpetuar uma visão de longa data das mulheres como objetos.
Olhar para a IA e o seu gênero significa olhar para os seus criadores, a grande maioria dos quais são homens. De acordo com o Fórum Econômico Mundial, apenas 22% dos profissionais de IA são mulheres.
“A IA atua como um verdadeiro espelho da nossa sociedade. Portanto, enquanto formos imperfeitos, a IA será imperfeita”, conclui Hilary Bergen.
@curtonews Por que a inteligência artificial costuma ter traços femininos? 🤔
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